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Cientistas da Uesb identificam método alternativo para detecção de pesticidas

por Valcelene Amorim – Publicada em: 18 de maio de 2023

A pulverização de pesticidas nas plantações é uma atividade comum no setor agrícola brasileiro. No entanto, essa prática tem grande potencial de riscos à saúde e ao meio ambiente. Estudos indicam que a exposição contínua a pesticidas, mesmo em pequenas concentrações, pode levar ao baixo peso no nascimento, desenvolvimento cerebral anormal, redução da fertilidade e aumento na incidência de câncer no cérebro, pâncreas, linfoma, cólon, testículos, dentre outros.

Dentro desse cenário, a pesquisadora Camila Almeida vem desenvolvendo estudo com foco em métodos eficazes e acessíveis para detecção desses pesticidas, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências de Alimentos da Uesb, campus de Itapetinga. “A resistência a pesticidas na saúde agrícola, veterinária e pública, e as pragas urbanas é uma questão persistente, crescente e potencialmente catastrófica financeiramente. Assim, são importantes os esforços concentrados no desenvolvimento de métodos alternativos para detecção de pesticidas”, pontua Almeida.

Em sua pesquisa de Doutorado, Almeida investiga um método para detecção de pesticidas alternativo às técnicas analíticas padrões, comumente usadas para esse propósito, como a cromatografia e espectroscopia de massa. Segundo ela, essas técnicas são dispendiosas em relação ao custo e tempo, exigem preparação de amostra, necessidade de equipamentos sofisticados e pessoal treinado, além de não poderem ser realizadas em campo.

A partir disso, uma rede de pesquisadores encontrou a possibilidade no biossensor, um dispositivo portátil que associa um elemento de detecção biológica diretamente conectado e/ou integrado a um transdutor. O dispositivo mensura a concentração de um composto químico específico ou conjunto de compostos, através da produção de um sinal eletrônico digital, que é equivalente à concentração do analito de interesse.

A pesquisa conta com a parceria de pesquisadores da Iowa State University, nos Estados Unidos (Foto: Acervo pessoal)

O estudo foi realizado com a utilização da enzima Acetilcolinesterase (AChE), substância com estudos sólidos e testados para detecção de pesticidas. Segundo Almeida, essa enzima “é o principal alvo de inibição por pesticidas organofosforados como o Paration. Os pesticidas organofosforados e carbamatos são as principais classes de pesticidas utilizadas no mundo para o controle de pragas”, explica Almeida.

De acordo com os pesquisadores, o biossensor, por enquanto, poderá ser utilizado em meio líquido. Dessa forma, existe potencial para que a identificação de pesticidas em amostras de solo, alimentos, vegetal e em água, por exemplo. Para isso, é necessário fazer uma extração para aplicar no meio aquoso. “A gente mergulha o sensor no meio aquoso e mede qual é a diferença do potencial elétrico ou é a corrente elétrica conduzida no meio aquoso. Então, é uma extração simples que é feita”, acrescenta Fontan.

Outra inovação do estudo é a associação desses biossensores com matrizes poliméricas feitas por congelamento, chamada de criogel. Esse estudo vem sendo pesquisadora já na Universidade, pelo professor Rafael Fontan, orientador da pesquisa. Conforme explicam os pesquisadores, a ideia é que o criogel, associado com essa tecnologia, proporcione biossensores com maior estabilidade, seletividade e durabilidade, qualidades essenciais para detectar substâncias como pesticidas.

 

(Foto: Acervo da pesquisa)

Possibilidade de patente – De acordo com os pesquisadores, existem poucas informações na literatura ou em depósito de patentes, sobre a utilização de biossensores de grafeno induzido a laser com um revestimento de criogel funcionalizado. “A aplicação, o uso, a modificação do biossensor para, por exemplo, a detecção desse pesticida é uma novidade. A gente não encontra ainda na literatura, em nenhum lugar, um biossensor a base de grafeno que seja feito para esse tipo de pesticida. Então, essa é uma inovação. A outra inovação é acoplar o criogel a esse biossensor de grafeno para poder fazer esse tipo de leitura”, anuncia Fontan.

Nesse sentido, pesquisas nessa linha podem auxiliar órgãos fiscalizadores na tomada de decisões rápidas e, no futuro, com mais estudos, talvez possibilitar que a população possa verificar a qualidade dos produtos em casa.

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