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Um ‘buzzz’ diferente: o que você talvez não saiba sobre as abelhas


@bee_nfluencer

Oi, abelhudos. Hoje vamos conversar sobre as milhares de espécies de abelhas do mundo. Sim. MILHARES! E apesar de terem sido, recentemente, reconhecidas como os animais mais importantes do planeta, as abelhas são pouco conhecidas. Diferente do que muitas pessoas pensam, nem todas as abelhas são pequenas, amarelas e pretas, vivem em colmeias e têm ferrão. Essas são características da Apis mellifera, a espécie de abelha mais conhecida pelas pessoas, por ser a responsável por grande parte da produção mundial de mel.

Se tirarmos a Apis mellifera de foco por um instante, descobriremos que existe uma infinidade de espécies de abelhas por aí, mais perto do que imaginamos. Vamos começar esclarecendo que as abelhas podem ser multicoloridas. Existem abelhas de cor azul, verde, roxa, preta, amarela, com listras vermelhas e listras laranjas… Peludas ou metálicas. Uma diversidade gigante, que por vezes passa despercebida ora por seu tamanho reduzido, ora por serem grandes e assustadoras (o suficiente para não serem popularmente consideradas abelhas).

Outra característica de Apis mellifera, que é atribuída à todas as abelhas, é o fato destes insetos viverem em colmeias com milhares de indivíduos. Atualmente, existem no mundo mais de 20 mil espécies de abelhas conhecidas pela ciência, e vejam só que curioso: cerca de 80% destas espécies apresentam comportamento solitário. Isso quer dizer que, apenas 20% das espécies de abelhas do mundo, vivem em colmeias ou apresentam outras formas de comportamento social.

Sei que você deve estar surpreso com o fato de existirem tantas abelhas solitárias. E você pode se perguntar: uma abelha solitária é uma abelha rainha? Não. As abelhas solitárias não apresentam divisão de castas (rainhas e operárias). Isso pode te levar a outra dúvida: nessas espécies existem apenas a fêmea e o macho? Também não. A fêmea solitária é a única responsável pela construção do ninho e coleta do alimento. E vale deixar claro que entre as abelhas, sejam elas sociais ou solitárias, os machos só possuem uma função: reproduzir.

E por último você pode questionar: então as outras espécies sociais vivem todas em colmeias? Nem sempre. Existe uma variedade de comportamentos com relação à socialidade das abelhas. Algumas espécies vivem em colônias (colmeias), outras constroem seus ninhos separadamente, porém próximos uns dos outros, criando uma espécie de condomínio abelhudo, entre outras variações. E somente nas espécies eussociais (aquelas que vivem em colônias) podemos encontrar a divisão de castas entre rainhas e operárias. Esse papo sobre castas entre abelhas é interessante, mas é longo e pode ficar pra outro dia (prometo que volto pra contar).

E se só de pensar em abelhas vivendo em conjunto, você pensa no risco de ser atacado por um enxame e na dor das ferroadas, serei obrigado a te dizer novamente que não. Este é mais um estigma que as abelhas carregam por conta da famosa Apis mellifera. No Brasil, as abelhas sociais nativas, são conhecidas como “abelhas sem ferrão”. Apesar do nome, elas possuem ferrão, porém ele é uma estrutura atrofiada (impossível de ser utilizada). Aposto que você já ouviu Alceu Valença, em Morena Tropicana, cantar: “saliva doce, doce mel, mel de uruçu”, em referência à abelha sem ferrão uruçu-nordestina (Melipona scutellaris). Ainda que não possam usar o ferrão, as abelhas sem ferrão ainda podem morder (não causam dor, mas um ataque em massa pode ser problemático) e algumas espécie embaraçam nos cabelos como modo de defesa. Já ouviu a expressão “cabelo de arapuá?” Também é referente a uma abelha sem ferrão, a Trigona spinipes.

Falando em defesa, acredito que muitos de vocês já devem ter ouvido que as abelhas perdem seus ferrões quando ferroam e morrem logo em seguida. Porém, esta é mais uma característica da Apis mellifera, que perde seu intestino junto com o ferrão. Entretanto, ao morrer, a abelha libera um sinal químico para que a colmeia saiba que está em perigo, e isso estimula o ataque em massa das operárias. Ao contrário da Apis mellifera, as abelhas solitárias são capazes de ferroar repetidas vezes sem perder a estrutura – um excelente mecanismo de defesa para quem vive sozinha.

Apesar dos riscos, ou do medo que você pode sentir das abelhas, é importante lembrar que sem elas o mundo não seria o mesmo. Albert Einstein (1879 – 1955) disse: “Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”

Salvem as abelhas!

 


Texto por Matheus Galvão Brito — publicado em maio de 2020.


Imagem destaque “Bug Lab Texture Brush Pack” por Brad Woodard.

Imagem 1: @bee_nfluencer

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Imagem 3: Ninho de uruçu-nordestina por Matheus Galvão Brito

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