O Museu Pedagógico Casa Palmeira recebeu na noite desta segunda, 2, o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Washington Santos Nascimento, para abordar a utilização da educação como ferramenta do colonialismo. A palestra “Desafricanização e Ensino no Contexto Colonial Angolano (século 20)” fez parte da programação, que também incluiu o lançamento do livro “Etnicidades e Trânsitos: Estudos sobre Bahia e Luanda”.
De acordo com o professor, que se graduou em História pela Uesb e hoje faz parte do Órgão de Educação e Relações Étnicas (Odeere), do campus de Jequié, tanto o livro quanto a palestra foram desenvolvidos no sentido de transmitir as experiências resultantes dos estudos voltados para a discussão do papel que o colonialismo assume em diferentes lugares do mundo, e como o ensino é um instrumento do processo de dominação. “Esse processo que a gente chama de ‘desafricanização’ visa, na verdade, construir uma perspectiva de mundo a partir de uma lógica europeia. A gente tem realidades muito próximas no continente africano e também no Brasil no que se refere ao domínio que se dá sobre o sistema escolar e de que maneira vão se reproduzindo valores europeus exógenos e diferentes”, explica. Ele conta que o livro vem no sentido de complementar os estudos ligados ao Odeere, que em uma primeira obra abordou a presença negra no Sudoeste da Bahia.
A discussão, que já foi além de Vitória da Conquista, Jequié e Rio de Janeiro, alcança também outras localidades do país, por meio dos seus participantes. É o caso da professora do Instituto Federal do Maranhão, Sandra Caminha, aluna do Mestrado em Memória: Linguagem e Sociedade, cuja área de pesquisa é outra, mas que elogiou o momento por trazer uma reflexão sobre a sociedade e uma oportunidade para alguns colegas que desenvolvem estudos na área (e para quem vai levar exemplares dos livros). “A gente às vezes pensa que o espaço é restrito, mas na verdade tem uma dimensão muito grande. A Uesb tem esse diferencial de pesquisa de qualidade, pesquisa que vai interferir na questão prática da realidade concreta. Uma síntese que leve à reflexão, para que a gente não se torne apenas pessoas passivas”, defende.
O evento marcou também o retorno das atividades noturnas no Museu Pedagógico – Casa Padre Palmeira e, segundo a coordenadora do local, professora Lívia Magalhães, deixa ainda a expectativa para mais ações, já que a proposta é de que ele passe a funcionar aos sábados, para oferecer ainda mais oportunidades de reflexões da Universidade ao público. “O Museu é um projeto que vive da relação ensino, pesquisa e extensão. Tudo que está exposto, todos os debates que realizamos são produto dessa inter-relação”, conclui.
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