• Vitória da Conquista, 20 de maio de 2024
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Além do agro: o algodão como fator de desenvolvimento social  

 Por: Larric Fernandes

Lavoura de algodão em Luís Eduardo Magalhães, Oeste da Bahia. Foto: Larric Fernandes.

 

O algodão é uma cultura milenar, no Brasil os primeiros cultivos aconteceram nos anos de1760, no Nordeste em pleno século18. O País já estava fazendo as suas primeiras exportações de algodão, que foi o ponta pé inicial para se tornar um dos principais exportadores de algodão do mundo. Essa evolução não foi do dia para noite, vários fatores contribuíram para esse resultado, como os estudos a respeito do cultivo aliados a tecnologia, que propiciaram a profissionalização dos cotonicultores junto a produção do algodão.

Hoje o a algodão brasileiro ocupa o segundo lugar entre os maiores exportadores do mundo. De acordo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), os cotonicultores foram responsáveis por produzir mais de 500 toneladas de pluma na safra dos anos de 2021 e 2022. Um dos grandes diferenciais do algodão comparado a outros cultivos, é que além da sua grande cadeia produtiva, ele não precisa de uma área muito extensa para ter uma produção em larga escala, proporcionando um bom custo-benefício ao produtor.

O algodão é uma cultura importante por isso, possui mecanismos de controle para que que as etapas do cultivo e do beneficiamento tragam os melhores resultados no final do processo. Por esse motivo foi criada no ano 2000 a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), composta por cotonicultores, produtores de algodão, na cidade de Luís Eduardo Magalhaes, localizada na Bahia. Ela possui e mesma idade da associação, ambas com 22 anos.

 

O papel da ABAPA

A ABAPA é uma associação que foi criada para ter um controle da produção do algodão, voltada à melhoria da qualidade da fibra, buscado a excelência do produto dentro e fora do Brasil. Mas não só isso, ela busca junto a uma equipe de colaboradores, desde produtores associados, engenheiros agrônomos a operadores de máquinas nas lavoras, o cuidado com o meio ambiente. A sustentabilidade é um de seus pilares de trabalho. A ABAPA entendeu a necessidade de produzir um produto  com responsabilidade social e ambiental. Por esses motivos a associação criou alguns programas de incentivo a valorização do algodão, passando por todos os processos de produção e beneficiamento.

A ABAPA possui hoje nove programas que traz o algodão como o elemento principal de desenvolvimento. Como o “Conhecendo o Agro” que atua junto a educação, trazendo aos alunos e professores do Ensino Fundamental, o cotidiano do trabalho agrícola. Mostrando a importância que o agro traz para a região. Como explica Alessandra Zanotto diretora do grupo Zanotto sobre a sua paixão por esse programa, que atinge principalmente as crianças de zona rural. Ela afirma que está em pauta uma ampliação do projeto para que mais crianças e adolescentes possam conhecer o agro, e os trabalhos que são realizados na região, trazendo para esses jovens um sentimento de pertencimento. Pois a partir dessa aproximação feita por o “Conhecendo o Agro”, eles começam a ter um outro olhar sobre o trabalho no campo.

Outro programa utilizado pela ABAPA o chamado “Algodão Brasileiro Responsável” (ABR), que é encarregado pela qualidade do algodão desde a lavoura até uma peça de roupa. Trazendo a importância da rastreabilidade principalmente voltada à área da moda, para que as pessoas possam saber quais foram os processos que o algodão passou até chegar no consumidor final. Pois, segundo Zanotto as tendências mundiais aliadas as questões climáticas, e a preocupação com a sustentabilidade trazem a necessidade de consumir produtos naturais. “É realmente a forma das pessoas darem mais valor, lagar o industrializado, o poliéster, as outras fibras de lado, e passarem a consumir mais algodão, aproximando o campo da cidade”.

Amostras etiquetadas de fardos de algodão para serem encaminhadas para o laboratório de análises da ABAPA. Foto ABAPA.

 

Além desses rigorosos processos de controle da produção de algodão da  ABAPA, existe o fator humano que é bastante trabalhado na associação. Eles procuram proporcionar a todos os seus colaboradores os mecanismos necessários para o aprimoramento na profissão. Como o “O centro de treinamento e tecnologia” que é responsável em promover qualificação profissional. O centro já capacitou uma média 51 mil pessoas no período de 12 anos de associação. Além disso a ABAPA se preocupa com as questões sociais, e na pandemia realizou uma série de iniciativas para ajudar a população. Foram entregues 70 mil metros de tecido para confecção de máscaras para serem distribuídas em 100 municípios baianos, além das 7 mil tolhas de algodão que foram entregues à Secretaria de Saúde do Estado, e aos municípios do Oeste da Bahia.

Dentre todas essas inciativas da ABAPA, ela foi essencial no auxílio as vítimas das chuvas que aconteceram em 2022. Onde várias famílias ficaram desabrigadas, muitas delas não tinha o que comer, mas a associação doou cerca de 60 toneladas de alimentos e 800 toalhas de algodão, ajudando a população a superar esse momento difícil. Foi por essa atitude que a ABAPA ganhou das obras Irmã Dulce (OSID) o “Selo Empresa Irmã 2021”na categoria diamante. Mas além disso, ela também apoiou os pequenos agricultores familiares, dos quais já foram distribuídos mais de 300 kits de irrigação no período de 9 anos, com mais de 300 famílias beneficiadas. Trazendo as suas contribuições sociais.

Assim a ABAPA mostrou o algodão como um cultivo que se preocupa com fator social, garantindo mudanças de vida aos seus colaboradores. Indo além da importância econômica gerando grandes oportunidades, como afirma Alessandra “sinônimo de progresso porque o algodão traz muito valor agregado. Além é claro de empregabilidade, estou falando de envolvimento de pessoas de uma cultura que tem um ciclo maior que as outras culturas, que são plantadas aqui na região. É uma cultura que exige profissionalismo, muito mais cuidado, isso tudo movimenta a economia”, ela ainda comenta que: “relaciona o algodão com o progresso em Luís Eduardo Magalhães”, e que esse é o principal motivo de estarem ali. Porque o algodão possui uma cadeia produtiva muito extensa, além de ser um produto natural que se diferencia dos outros, podendo se tornar uma diversidade de produtos, para os mais variados fins.

Alessandra Zanotto falando sobre o cultivo do algodão e sobre o papel da mulher no processo produtivo. Foto ABAPA.

 

Alessandra continuou ressaltado o papel da cultura do algodão realizada pela ABAPA, “eu sempre digo, o mundo pode sempre passar pelas transformações que forem, a mão de obra humana, o capital humano nunca vai ser substituído. E vejo que o Centro de treinamento da ABAPA tem um papel superimportante, porque ele tem essa preocupação na veia mesmo, de realmente trazer, de dar oportunidade pra pessoas, independentemente de onde elas atuam, de obter conhecimento, e estão inseridas nesse trabalho, no agro de modo geral”.

Como o exemplo de Rubens de Sá, formado em Administração, que viu no cultivo do algodão algo que poderia mudar a sua vida. Ele comenta que começou a trabalhar com algodão ainda como empregado, por conta da alta rentabilidade tanto para o produtor, quanto para os colaboradores. E falou que independente de ser ou não produtor, sempre teve um zelo para com os processos de produção, indo da lavoura até a usina de beneficiamento. Por que o segredo “é trabalhar como se você fosse o dono”. Trazendo a ideia de cuidado mostrando a importância que o algodão tem para a sociedade, como um fator agregador que movimenta a economia e gera empregos.

Rubens de Sá fala como o indústria do algodão mudou a sua vida. Foto Larric Fernandes.

Assim a ABAPA com os seus 22 anos de existência, e trabalho duro, investiu em conhecimento, tecnologia e educação, aliados com o fator humano, mostrando como o algodão foi além de uma questão econômica, pois ele trouxe consigo toda a responsabilidade com o meio ambiente. Essas ações mostram à sociedade que o agro também pode ser ético, responsável e sustentável.

 

 

 

 

 

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