• Vitória da Conquista, 19 de maio de 2024
Notícias

Sustentabilidade na produção do algodão no Oeste Baiano

Reporgatem e fotos por Eduarda Maciel

Associados contam com a ajuda de tecnologias e estratégias para amenizar os impactos da produção do algodão no meio ambiente

 

A Associação Baiana de Produtores de Algodão (ABAPA) foi fundada nos anos 2000 e hoje é considerada a maior produtora de algodão da Bahia, e a segunda maior produtora de todo o Brasil. Localizada em Luís Eduardo Magalhães, no extremo oeste baiano, a associação atua com a ajuda de tecnologias avançadas e profissionais capacitados que trabalham durante toda a produção, desde o plantio da semente do algodão até a sua exportação. O principal destino de exportação do produto é a China, seguido de Bangladesh e Vietnã.

Além da fibra do algodão, o caroço também é aproveitado, sendo feito diversos produtos a partir dele, como o óleo refinado comestível e alguns tipos de adubo. Entretanto, não é a versatilidade do algodão que se destaca, mas sim a preocupação da ABAPA com o meio ambiente. Diversos programas de preservação estão presentes nas fazendas e indústrias associadas.

Produtos derivados do algodão.

A Fazenda Santa Isabel, por exemplo, possui grande compromisso com a conservação do ecossistema local. A propriedade conta com mais de 70 mil hectares, nos quais são plantados soja e algodão; e o grupo Franciosi – responsável pela fazenda – investe em estratégias para a preservação dos recursos naturais presentes no local. Segundo Ana Paula, uma das representantes do grupo Franciosi, é indispensável “preservar a natureza e garantir o bem maior: a vida em todas as gerações”. Seguindo esse pensamento, foi construída uma barragem de 9 milhões de metros cúbicos que, juntamente com tecnologias implantadas, contribui com a irrigação de toda a plantação. Também é feita a preservação dos animais e das nascentes dos rios que se encontram dentro da fazenda, além do monitoramento regular da umidade e temperatura do solo.

Plantação de algodão Fazenda Santa Isabel.

A Algodoeira Zanotto, que também faz parte da associação, é responsável pela separação entre as fibras e o caroço do algodão. Durante todo o processo do beneficiamento é feito o reaproveitamento das “sobras”. Alguns detritos, por exemplo, são transformados em adubo; e as fibras que acabam sendo contaminadas por algum fator externo ou interno são vendidos para alguns produtores que trabalham especificamente com esses materiais. Já o caroço é transportado para indústrias que fazem o seu processamento, como a Icofort.  Na Icofort, o caroço do algodão é 100% aproveitado, sendo dele produzido margarina (sem girassol), adubo, óleo refinado comestível (sem girassol), dentre diversos outros produtos. Vale ressaltar que a porção prejudicial do óleo é reaproveitada em outras partes da empresa.

 

CRISE CLIMÁTICA ATUAL

Falar sobre esse cuidado que a associação tem com o meio ambiente é de extrema importância, visto as mudanças climáticas atuais. O aquecimento global causado pela atividade humana se tornou uma emergência de nível  mundial e o planeta está cada vez mais quente. Diversos cientistas, inclusive o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres,  afirmam que estamos em um estado de “ebulição global”. De acordo com o Relógio Climático, a atmosfera do planeta vai aquecer cerca de 1,5ºC até 2040, resultando em alterações drásticas no mundo inteiro, como uma alta frequência de incêndios e secas, intensificação da pobreza e consequências graves para a saúde humana.

Ademais, é inegável a contribuição do agronegócio para esse cenário, sendo considerado um “vilão” por muitos. Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), a agricultura é uma das responsáveis pelo desmatamento de áreas florestais visando o plantio, contribuindo para a emissão de gases e, consequentemente, o efeito estufa. Por outro lado, a atividade agrícola é diretamente afetada pelo aumento da temperatura do planeta, causando a redução das áreas propícias para o cultivo e prejuízos para os produtores.

É nesse cenário atual que o agronegócio sustentável se torna ainda mais indispensável. O aperfeiçoamento de todo o processo produtivo, uso consciente dos recursos que a natureza nos oferece e a implantação de tecnologias avançadas são algumas das alternativas que esse lado do agronegócio oferece, e a ABAPA é um exemplo de que a sustentabilidade é viável dentro do agro. Com todas as suas estratégias para a preservação do meio ambiente, a associação consegue ser consciente ao mesmo tempo que não prejudica a lucratividade dos produtores. Além disso, a sustentabilidade promove uma preferência de compra, gerando mais lucratividade para os associados.

 

Fibra natural do algodão.

O agronegócio sustentável funciona, e é preciso que mais instituições comecem a utilizar tecnologias que consigam assegurar a qualidade do produto sem agredir drasticamente o meio ambiente, assim como a ABAPA. Dessa forma, é possível diminuir, a longo prazo, os efeitos negativos da crise climática, garantindo um futuro sustentável com boas condições de vida a todos os seres vivos.

 

 

 

 

 

 

Copyright 2018

Todos os direitos reservados - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Desenvolvido pela ASCOM / CHP


Todas as informações contidas neste site, são de inteira responsabilidade do Portal de Jornalismo Uesb.