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Estudantes com deficiência fazem mestrados da UESB

Pós-Graduação

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A universidade deve ser um espaço onde as pessoas possam ter acesso ao conhecimento científico, de forma democrática, ética e inclusiva. Nesse sentido, a devida atenção à acessibilidade possibilita que estudantes com algum tido de deficiência integrem o ambiente acadêmico de forma favorável à sua formação profissional e cidadã. Os Mestrados em Linguística e em Ensino, campus de Vitória da Conquista, deram ainda mais visibilidade a essa questão, ao possibilitar, nos seus processos seletivos, que candidatos com deficiência concorressem à seleção. Os programas se tornaram pioneiros na Uesb em relação à aprovação de pessoas surdas e com deficiência visual na pós-graduação.

Programas de Pós-Graduação da Uesb possibilitam o ingresso de pessoas com deficiência.

Joyce Sandes, que tem baixa visão, concluiu o Mestrado em Linguística no último ano. Ela fala do auxílio que recebeu: “Eu sempre tive apoio dos meus professores. Cada um dentro de sua possibilidade deu o melhor de si, em especial minha orientadora que foi bastante prestativa e buscou atender todas as minhas necessidades. Ela sempre acreditou e confiou muito no meu trabalho”. De acordo com Sandes, nesse processo a leitura foi uma das dificuldades que ela superou. “São muitos textos e acaba sendo difícil porque eu gasto mais ou menos o dobro do tempo pra fazer qualquer coisa”, salienta a mestre em Linguística.

“Meu trabalho de orientação de Joyce Sandes começou com uma pesquisa de iniciação científica e continuou no mestrado. Trabalhar com ela sempre foi muito tranquilo porque Joyce cuidou de estruturar os recursos para suprir sua acessibilidade. Ela nunca espera de ninguém a iniciativa para ajudá-la ou para providenciar recursos a fim de atender às peculiaridades de sua deficiência, que se caracteriza por um grau baixíssimo de acuidade visual”, ressalta a professora Adriana Lessa, do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (Dell) da Uesb.

Já as professoras de Língua Brasileira de Sinais (Libras), Priscilla Leonnor Alencar Ferreira, do Dell, e Fabíola Morais Barbosa, da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), que são surdas, foram aprovadas no Mestrado em Ensino em 2016. “Fui passando em cada etapa, estava muito feliz. Isso foi aumentando minha autoestima e, com muito esforço, graças a Deus, consegui passar. Estou bem animada e espero depois fazer doutorado”, comemora Ferreira. Quanto ao exame, a docente ressalta: “As provas são iguais, não tem diferença de assuntos, mas a língua é diferente e nós achamos importante essa adaptação. Vai abrindo portas para outros surdos que desejam cursar um mestrado”.

Vinda da cidade de Amargosa, a professora Fabíola Barbosa conta como ingressou no curso. “Queria muito fazer mestrado, estava procurando em alguns estados editais abertos, mas com acessibilidade não tinha, infelizmente. Era difícil, muitas provas em Inglês, Espanhol, e era obrigatório. Realmente, para nós, é meio complicado. Fico muito feliz pela Uesb ter uma adaptação para das provas para os surdos”, destaca a mestranda.

O professor do Mestrado em Ensino, José Jackson Reis dos Santos, vinculado ao Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DFCH), explica como foi pensado o processo de inclusão no Programa, que já na seleção de sua primeira turma, possibilitou a participação de candidatos surdos por meio da adaptação do processo seletivo. “Desde o início, já pensávamos que todos/as deveriam ter acesso ao Mestrado. Isto porque entendemos que não podemos negar o acesso, a permanência e a aprendizagem de nenhum ser humano nos distintos espaços formativos e universitários”, destaca.

Segundo o docente, essa iniciativa é muito representativa para o ambiente acadêmico. “Acreditamos que, para o Mestrado e para a Universidade, esta experiência indica e reafirma o nosso papel social na produção de conhecimentos com diferentes sujeitos, com suas distintas trajetórias de formação. Não podemos negar direitos”, ressalta o professor. Reis ainda comenta que esse é um tema que precisa avançar e que, por isso, ações como essa vivenciada no Mestrado em Ensino devem ser compartilhadas. “Estamos abertos para diálogos com outros Programas que desejam conhecer de perto nossos desafios e nossas potencialidades nesse processo de trabalho cotidiano com estudantes surdas”, afirma o professor.

Apoio do Naipd
Durante as aulas as alunas contam com o apoio do Núcleo de Ações Inclusivas para Pessoas com Deficiência (Naipd), que oferece equipamentos específicos e, no caso das alunas surdas, dispõe de intérpretes de Libras, que também auxiliam na interação das discentes com o Programa.

Para a professora Adriana Lessa, trabalhar para fornecer acessibilidade às pessoas deficientes, em qualquer setor da sociedade, não é ato de benevolência, é cumprimento do dever de garantir aos deficientes os mesmos direitos garantidos aos demais cidadãos. “Garantir a acessibilidade de pessoas deficientes, principalmente, à educação de modo geral e ao ensino superior, tem uma importância ainda maior, porque a própria educação já é em si um grande recurso produtor de acessibilidade”, destaca Lessa.

A partir dessas iniciativas, espera-se que pessoas com deficiência se sintam motivadas e encorajadas a prosseguir os seus estudos. “Nós duas fomos as primeiras alunas surdas que passaram num mestrado em Vitória da Conquista. Antes, isso nunca tinha acontecido. Nós ficamos muito felizes. Esperamos que todos os surdos possam nos ver e percebam que eles também podem conseguir”, acredita Priscilla Ferreira.

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