Livros

A farsa de Inês Pereira – Gil Vicente

Esta peça, apresentada primeiramente a Dom João III, rei de Portugal, é considerada a mais divertida, complexa e humanista de Gil Vicente. A personagem Inês Pereira, calculista e ambiciosa, sonha casar-se e livrar-se da vida doméstica, mas, a princípio, não se interessa por Pêro Marques, camponês provinciano, mas honesto, preferindo casar-se com Brás da Mata, escudeiro de má índole e dissimulado. A vida, o caráter e os costumes da jovem são uma crítica às mulheres burguesas, ambiciosas e insensatas da época. Apresentando aspectos histórico, social e linguístico, o teatro poético de Gil Vicente proporciona uma reflexão acerca das mentalidades medieval e pré-renascentista, trazendo à luz uma sociedade em transição.

Anésia Cauaçu – Domingos Ailton

Anésia Cauaçu, de Domingos Ailton, é um romance histórico que tem como protagonista uma mulher que esteve à frente do seu tempo.  Anésia foi a primeira mulher no sertão baiano de Jequié a  ingressar no cangaço, a liderar um bando de cangaceiros, a  praticar   montaria  de frente, já que as mulheres de sua época  montavam de lado em uma sela   denominada silhão, e a vestir calças compridas (as mulheres do período em ela viveu  apenas usavam vestidos e saias) nos momentos de combate para facilitar  o enfrentamento  de jagunços dos coronéis  e  das tropas policiais, além de ter sido  a primeira mulher branca a lutar capoeira, antecedendo mulheres como Maria Bonita, Dadá e Lídia no cangaço.

A trama ficcional faz referências ainda às manifestações religiosas e da cultura popular do sertão, como as festas de terreiros de Candomblé, os festejos de São João, do Reisado,  aos livretos de cordel  e aos adjuntórios, às figuras típicas, como o tropeiro e o mascate, e ao famoso Cabaré do Maracujá, que havia em Jequié e era encontro dos intelectuais e de gente simples do povo.

A audácia dessa mulher – Ana Maria Machado

A produção de uma novela ambientada no Rio de Janeiro do século 19 é o pretexto para esta leitura de Dom Casmurro. Durante as pesquisas necessárias à novela, a protagonista encontra um diário de uma menina da época. O mistério sobre a identidade da menina e a dúvida sobre o seu destino permeiam toda a trama, em que a personagem principal se vê diante de temas como o amor, o poder patriarcal e a ética.

Olhos d’água – Conceição Evaristo

Olhos d’água é um livro de contos de Conceição Evaristo, escritora afro-brasileira que tem buscado por meio de sua obra romper com o silêncio das mulheres negras, que vem sendo, historicamente, retratadas por homens, sobretudo, brancos.  Nos contos, sem meias palavras, a autora expõe a pobreza e a violência urbana que acomete a população afro-brasileira. São filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a condição humana.