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Pesquisa estuda tratamento de água residuária (efluente) gerada nos serviços de saúde

Por Gabriel Goes – Publicada em: 4 de abril de 2024
Atualizada em:15 de abril de 2024

Em 1987, aconteceu, em Goiânia, um caso historicamente conhecido envolvendo material radioativo: o césio-137. O manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado, descartado por uma clínica médica, deixou pouco mais de 800 vítimas, entre mortos, amputados e pessoas no grupo de risco. No Brasil, são produzidas cerca de 80 milhões de toneladas de lixo por ano, sendo parte delas oriunda de resíduos hospitalares e o descarte desse material é a queima controlada em fornos ou usinas industriais, processo chamado de incineração. No entanto, gases emitidos durante o procedimento acabam interferindo no aquecimento do planeta.

Foi pensando nisso que a egressa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), Mariana Aguiar, realizou uma pesquisa, no campus de Itapetinga, sobre o tratamento da água residuária (efluente) gerada no sistema de controle de gases, que vem da queima controlada desses materiais que vêm do serviço de saúde. “O objetivo principal foi analisar e melhorar o tratamento das substâncias geradas provenientes da queima controlada de resíduos perigosos, utilizando o processo de eletrocoagulação [passagem de eletricidade pela água]”, explicou.

Para a pesquisa, foram utilizadas água residuárias originadas do processo denominado lavagem de gases, uma tecnologia utilizada para tratar as emissões de substâncias poluentes na atmosfera, de uma empresa que trabalha com o tratamento de resíduos de serviço de saúde, em Vitória da Conquista. “Não havia estudos sobre. Além das águas residuárias serem muito ácidas, eram peculiares devido à variação de diversos poluentes conforme o tipo de resíduo queimado no forno incinerador”.

Água residuária após o tratamento

Mariana conta que o objetivo do método de eletrocoagulação se mostrou eficaz pela capacidade de neutralizar o nível de acidez, além da remoção eficiente de diversos poluentes. Com o estudo, foi possível concluir que a técnica atingiu o objetivo proposto, contribuindo no tratamento de águas residuárias prejudiciais ao meio ambiente. Ainda, segundo a pesquisadora, foi possível demonstrar a propriedade dessa técnica de se adaptar no tratamento dos “efluentes industriais mais desafiadores”.

A ideia de buscar novas alternativas para a solução de um problema recorrente partiu do seu ambiente de trabalho. Estar inserida na área de gestão ambiental e debater, frequentemente, o desafio que é tratar esses efluentes gerados pelas indústrias, foi algumas das motivações para a realização da pesquisa. “Percebi a necessidade de me aprofundar no tema da eletrofloculação, uma tecnologia promissora que combina coagulação/floculação, flotação e eletroquímica, prometendo eficiência com menor tempo, custo e área construída comparada aos métodos convencionais”.

Reator eletrolítico de bancada no processo de eletrocoagulação

Reator eletrolítico de bancada no processo de eletrocoagulação

Mariana, inclusive,  revela que os resultados obtidos no trabalho foram divididos em artigos. Um deles já foi publicado na Revista Ambiente & Água – An Interdisciplinary Journal of Applied Science, em 2022. “Além disso, tento aplicar o conhecimento adquirido durante a pesquisa no dia a dia  da gestão de efluentes na indústria, e não descarto a possibilidade de aprofundamento da temática em um possível doutorado”.

É de grande destaque o papel que a Uesb teve na realização do trabalho. Na Universidade, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais envolve uma rede de interações com grupos de pesquisa de diferentes instituições, sejam elas brasileiras ou internacionais. Além disso, as suas atividades de ensino também atuam com pesquisa e extensão com organizações não governamentais. “A oportunidade de pesquisar esse tema no Programa de Mestrado em Ciências Ambientais, em uma universidade que oferece aprimoramento gratuito e de qualidade, foi decisiva para minha escolha”, concluiu.

Confira essa e outras pesquisas no site do “Ciência na Uesb”

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