Destaque

O Sete Cascas – Núcleo de Permacultura da UESB esteve presente no II Encontro da Escola das Águas Nascentes, que ocorreu entre 15 e 17 de novembro na Fazenda Flor de Café, Comunidade Malhada de Areia, em Piatã na Chapada Diamantina.

O Sete Cascas – Núcleo de Permacultura da UESB esteve presente no II Encontro da Escola das Águas Nascentes, que ocorreu entre 15 e 17 de novembro na Fazenda Flor de Café, Comunidade Malhada de Areia, em Piatã na Chapada Diamantina. Nessa Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Nascentes do Rio de Contas fica a sede de uma das escolas autônomas da Universidade dos Povos, iniciativa da Articulação Teia dos Povos que visa fomentar o estabelecimento de espaços de educação não formal, onde conhecimento científico e popular são partilhados entre pessoas das comunidades indígenas, de povos tradicionais, pessoas vinculadas à agricultura familiar, artistas, estudantes, professoras(es), pesquisadoras(es) e demais aliados na defesa da vida na T(t)erra e nos territórios.

A escola fica num lugar de beleza especial onde a T(t)erra vem se regenerando e as pessoas vêm partilhando saberes, aprendizados e reflexões sobre manejo ecológico das águas, produção de alimentos, resgates culturais e vínculos comunitários importantes para a jornada em direção à construção de autonomia em seus projetos de vida. Houveram rodas de conversa e oficinas sobre temas como mudanças climáticas e o ciclo da água, produção de fio de algodão, obtenção de terra preta, produção de mudas, caminhadas, banhos de floresta e água mineral, entre outras semeaduras diversas nas mentes e nos corações!

O Encontro foi organizado pela Escola das Águas Nascentes, junto com o grupo de trabalho que coordena a elaboração de uma proposta de acordo de cooperação técnica entre universidades (UESB, UFBA, UFOB, UFSC), sociedade civil organizada (Cáritas – NE, Instituto de Permacultura da Bahia e Rádio Avante Lençóis) e Articulação Teia dos Povos. Cujo objetivo geral é apoiar povos e comunidades tradicionais e da agricultura familiar no aumento de suas resiliências diante da emergência climática atual, com foco em estratégias socioambientais dos paradigmas da agroecologia e da permacultura para fortalecer as comunidades e contribuir para soberania hídrica e alimentar. O primeiro plano de trabalho desta cooperação (em construção) está sendo executado em parceria com a Escola das Águas Nascentes da Teia dos Povos na região da Chapada Diamantina da Bahia e teve apoio da PROEX Uesb através de projeto aprovado no Edital 132/2024, sob coordenação da professora Helena Araúho do DCB UESB- Jequié.

A professora Letícia Magalhães Fernandes do Sete Cascas é uma das organizadoras do evento, que segundo ela “foi um momento inesquecível de aprendizado na presença de pessoas diversas e sábias, habitantes deste mesmo território baiano, ligadas pelas águas do rio de Contas e de tantos outros rios que unem os povos do campo e da cidade.”
A partir das vivências deste encontro Letícia reflete que “precisamos fortalecer a união na diversidade, como propõe a articulação Teia dos Povos, em uma ‘aliança preta, indígena e popular’, que reconheça a necessidade de dar às mãos e superar as divergências que nos afastam – como seres orgânicos humanos – do objetivo importante de defender e construir modos de vida mais saudáveis e integrados aos sistemas socioecológicos complexos que sustentam a vida nesta T(t)erra.”

Para Rosilene, mulher quilombola da Lagoa de Melquíades e Amâncio (Vitória da Conquista) bióloga e mestranda em engenharia de alimentos ” o encontro foi um momento de partilha e aprendizado. A agroecologia é um tema que precisa estar presente em todos os espaços, principalmente como uma ferramenta para curar um planeta doente, que hoje arde em febre. Também foi uma oportunidade especial de estar ao lado de irmãos quilombolas de outros territórios. É impressionante como nosso elo nos fortalece; quando nos encontramos, parece que nunca fomos separados. A Teia dos Povos nos oferece essa chance de estarmos juntos, pensando coletivamente e nos articulando. Cada povo, por si só, já é forte, mas unidos em teia, somos indestrutíveis.”

Além de docentes e estudantes da UESB de Jequié e Itapetinga e da UFBA de Vitória da Conquista; estiveram presentes representantes das comunidades da Ressaca (agricultores familiares de fecho e fundo de pasto), dos quilombos Lagoa de Melquíades e Amâncio de Vitória da Conquista, da Comunidade da Várzea e do Vieira em Piatã, do Mulungu em Boninal e da aldeia dos Tapuya de Seabra. Recebidos com muito carinho para esse intercâmbio científico e cultural tão rico na comunidade Malhada de Areia em Piatã.