Apresentação

A persistência da ameaça da Covid-19 para a saúde pública, e também pelas características específicas do trabalho acadêmico universitário e do perfil de origem geográfica de nossos estudantes de graduação, nos mostra que ainda não é possível retomarmos nossas atividades de ensino de forma presencial. Por isso, por decisão do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da Uesb, iremos retomar nossas atividades por meio de metodologias e práticas de ensino não presenciais, fundamentadas nos conceitos de educação on-line e Ensino Remoto Emergencial.

A Uesb não estará sozinha neste desafio. Na verdade, este desafio está, hoje, colocado para a as instituições públicas de nível superior. Assim, como todas as universidades públicas, a Uesb precisou buscar alternativas que, mesmo com todas as dificuldades perceptíveis, se mostrassem capazes de manter o vínculo de seus discentes com a Instituição, com os colegas, com os docentes e, principalmente, com as práticas e rotinas de trabalho acadêmico.

Para isso, a Uesb precisou conciliar essas alternativas com suas funções institucionais e com seus compromissos históricos para com o conhecimento, com a sociedade, com a segurança de sua comunidade, com a valorização do trabalho de docentes e de técnicos, com a formação discente e com a inclusão social. Além disso, claro, com nossa tradição de democracia universitária, baseada no princípio do debate e do contraditório e na participação de representantes de plenárias de Departamentos, Colegiados e de estudantes.

Desde o mês de maio até o reinício efetivo das atividades de ensino em outubro, uma série de ações foram desenvolvidas na Universidade, como forma de assegurar que esta retomada obedeça e respeite todos esses compromissos históricos da universidade brasileira e de nossa Uesb. Inicialmente, nas primeiras articulações e discussões, com o objetivo de validar o Ensino Remoto Emergencial na Universidade, foram desenvolvidos e aprovados pelo Consepe:

– O Plano de Formação Docente, que busca trazer reflexões sobre a esfera do Ensino Remoto para os professores e também propor práticas e planejamentos pedagógicos adequados a esse modelo de ensino;

– O Plano Emergencial de Auxílio de Inclusão e Acessibilidade, que trata das discussões e ações acerca da Inclusão Digital e Acessibilidade por parte dos alunos matriculados na Uesb em situação de vulnerabilidade econômica;

– O Regulamento da Graduação, que referencia os parâmetros para o ensino da graduação, buscando elencar dinâmicas que possam adequar as realidades discente e docente;

– O Regulamento da Pós-Graduação, que referencia os parâmetros voltados para o ensino da pós-graduação, compreendendo suas especificidades.

Cada eixo acima foi organizado por grupos de trabalho, formados pelas Pró-Reitorias de Graduação; de Pós-Graduação; de Extensão; de Administração; e a Assessoria de Acesso, Permanência Estudantil e Ações Afirmativas.

Em 40 anos de história, a jornada da Uesb é marcada por uma trajetória de resistência e de tenacidade. Enfrentamos obstáculos inúmeros e que, muitas vezes, pareciam irremovíveis. Desde precariedades em nossa infraestrutura de instalações prediais e equipamentos, passando pela insuficiência de recursos humanos e das limitações de nossos programas de permanência estudantil, até as hostilidades de gestores e agentes públicos que, renitentemente, se empenham em solapar as bases da universidade pública, democrática e de qualidade.

Continuamos, hoje, enfrentando cenários desafiadores e hostis. Além das dificuldades advindas da pandemia, que impedem que nosso trabalho cotidiano – de todos nós, estudantes e servidores – se realize e se manifeste como atividade de reforço de interações, de afetividades, de solidariedades e de alegrias, ainda temos que permanecer atentos a diversas ameaças: à nossa liberdade de pensamento e de cátedra e ameaças à nossa autonomia e à nossa sustentabilidade.

Mas, podemos vencer esses obstáculos. Quando o Consepe começou a discutir a retorno de nossas atividades de ensino, por meio de metodologias de ensino não presenciais, duas frases passaram a ser afirmadas com frequência. A primeira era: “não podemos deixar nenhum estudante, ninguém, para trás”. A segunda: “não podemos abrir mão de nosso compromisso com a qualidade de nossas ações de ensino”.

Com certeza, teremos mais possibilidade de atingirmos nossos objetivos, de cumprirmos nossos papeis, de defendermos nossa universidade e nossa autonomia e liberdade, se entendermos que esse é um desafio de todos e para todos: gestores, docentes, discentes, técnicos.

Luiz Otávio de Magalhães

Reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia