Apresentação

O Estado da Bahia conta com um território de 565.326 km2, correspondendo a 36,3 % da área da Região Nordeste e 6,6 % do Brasil. Tal expressão territorial associada à grande diversidade ambiental implicaram em levantamentos de solos em nível Exploratório/Reconhecimento mais generalizados (1:1.000.000, e em escalas maiores em áreas localizadas) para o território baiano.

Essa lacuna de levantamento detalhados de solos não é exclusividade da Bahia e tem levado à discussão, em âmbito nacional, de temas importantes para a área de Ciência do Solo, tais como: o Programa Nacional de Solos do Brasil (PronaSolos), o estabelecimento de Valores de Referência de Qualidade (VRQs) para metais (Resolução Conama 420/2009), nos solos mais representativos dos Estados; a necessidade de atualização do manual de adubação e calagem para os Estados; e, mais recentemente o Programa MapBiomas, especificamente a parte voltada aos Solos. Estes programas têm por objetivo gerar informações detalhadas sobre os solos do Brasil, visando a promoção de planejamentos de uso e ocupação da terra mais adequados e sustentáveis.

Tais temas possuem relevância nacional, estadual e municipal, e precisam ser discutidos e trabalhados conjuntamente por pesquisadores da área de Ciência do Solo, no entanto, muitas destas ações vêm sendo trabalhadas de forma isolada ou em pequenos grupos, sem uma articulação Estadual ou mesmo uma parceria mais ampla entre os diferentes profissionais que atuam na área, nas diferentes instituições Federais e Estaduais de Ensino e, ou Pesquisa da Bahia, ou mesmo empresas, cooperativas ou outras organizações do Estado e da sociedade.

Na Bahia, o Governo do Estado ainda não sinalizou as ações necessárias para impulsionar as atividades e envolvimento das Instituições Baianas nestes importantes Programas. Apesar disso, profissionais da área de Ciência do Solo de instituições de ensino e de pesquisa, principalmente das Universidades, já iniciaram as discussões e ações de pesquisa sobre alguns destes temas, ainda que incipientes, quando comparadas ao cenário nacional, onde seus governantes já priorizaram, por parte de seus órgãos de planejamento, administrativo e, ou, executivo, as ações em relação aos Programas.

Os profissionais da área de Solos na Bahia têm um histórico de colaboração com a Ciência do Solo Nacional e com o desenvolvimento econômico e social do Estado. Essa história se confunde com a instalação dos primeiros Institutos Agronômicos no período Imperial, quando D. Pedro II pretendia promover o desenvolvimento agrícola brasileiro. Nesse período, o Recôncavo da Bahia tinha grande participação na economia brasileira e era reconhecido como o Recôncavo da cana, do fumo e da mandioca, culturas que eram produzidas em áreas específicas, definidas pelas características de seus solos, tais como os Vertissolos férteis (massapês) nas áreas mais deprimidas, dos Argissolos mais arenosos dos Tabuleiros do Recôncavo e dos Latossolos dos Tabuleiros Inetrioranos e Costeiros.

Estes institutos foram ampliados e impulsionados pelo presidente Nilo Peçanha, em 1910, que criou e regulamentou o Ensino Agronômico e técnico, nos níveis básico, médio e superior no País. Muitas destas escolas agronômicas, Estaduais e Federais, deram origem às principais instituições de ensino e pesquisa com atuação de profissionais da área de Ciência do Solo no Estado. Um exemplo disso é a criação da UFBA em 1950, a partir das antigas escolas de Medicina, com incorporação da Escola Agrícola da Bahia, dentre outras. No processo recente de interiorização do ensino superior no Brasil, a antiga Escola Agrícola da Bahia serviu de base para a criação da UFRB, em 2006, deixando de fazer parte da UFBA.

Nestas instituições, os profissionais da Ciência do Solo atuavam inicialmente em cursos de Agronomia e Zootecnia, mas com o tempo, passaram a dar suporte a vários outros cursos nas áreas de Ciências Exatas e da Terra e das Engenharias, ampliando assim a atuação destes profissionais no Estado.

Além da área de Ensino, os profissionais da Ciência do Solo têm historicamente atuado em instituições ligadas à extensão rural, como é o caso dos campos experimentais agrícolas, sendo um dos primeiros o de Alta-Mira na Vila do Conde em 1912 e das empresas de assistência técnica e desenvolvimento rural, como a EBDA, recentemente extinta para a criação da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (BAHIATER). Também na área de pesquisa e desenvolvimento, os profissionais da área de ciência do solo atuam em instituições como o IBGE, a EMBRAPA, a CODEVASF, a CEPLAC e a CPRM, criadas entre os anos de 1936 e 1970 e em funcionamento até hoje. Estas instituições estão distribuídas em quase todos os Territórios de Identidade do Estado da Bahia, garantindo, portanto, a atuação de profissionais da área de ciência do Solo nas diferentes regiões do Estado.

Historicamente, os profissionais da Ciência do Solo, inseridos nas mais diferentes instituições, têm contribuído de forma efetiva para a discussão e divulgação de temas ligados a área no país. Nesse sentido, ao longo da história, a Bahia tem participado de programas nacionais e estaduais de forma integrada para realização de levantamentos de reconhecimento de Recursos Naturais, tais como os Levantamentos de Solos das Margens esquerda e Direita do Rio São Francisco, realizado pela Embrapa e pela SUDENE; o Levantamento de Recursos Naturais do Estado, no Projeto RadamBrasil, que especificamente para a folha Salvador, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, em parceria com Instituições como PETROBRAS, CPRM, SUDENE, DENOCS, UFBA, CBPM e a Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia. A publicação do manual de adubação e calagem para o estado da Bahia, realizado pela comissão de fertilidade composta por instituições como a CEPLAC, EMATERBA, EMBRAPA, EPABA e NITROFÉRTIL.

Além disso, estes profissionais ajudaram na realização de rbcs nacionais importantes como: o Congresso Brasileiro de Ciência do Solo nos anos de 1957 e 1981, a Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo em 1984, a Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água em 2000, em comemoração aos 500 anos de uso do solo no Brasil; as Reuniões de Classificação, Correlação e Aplicação de Levantamentos de Solos em 1994 e 1998. Neste último ano foi realizada uma mini-RCC, para as regiões do Recôncavo Baiano e de Irecê, promovida por profissionais da Embrapa Solos e da UFBA.

Ainda foram realizadas, nos anos de 1996 e 1998, as reuniões técnicas sobre os Tabuleiros Costeiros, coordenadas pelo prof. Joelito Resente da UFBA, depois UFRB, juntamente com colegas da Embrapa e CEPLAC, e apoio de empresas agrícolas e do Governo do Estado. Mais recentemente, pode-se destacar as 7 edições do Seminário Baiano de Solos, coordenado por professores e estudantes da UESC e UESB, e a 2ª Reunião Nordestina de Ciência do Solo, realizada conjuntamente com o 3º Seminário Baiano, em 2014.

Atualmente, percebe-se que as principais demandas ligadas a área de Ciência do Solo, estão relacionadas à promoção de congressos, seminários e reuniões, que mantém ativas as discussões sobre o tema entre professores, pesquisadores, estudantes, profissionais da área, agricultores e instituições públicas do Estado; ao estabelecimento de valores de referência de qualidade dos solos, quanto a presença de metais, permitindo o gerenciamento ambiental de áreas potencialmente contaminadas; à atualização do manual de adubação e calagem para o estado da Bahia, principalmente introduzindo novas informações sobre culturas agrícolas já existentes e aquelas recentemente introduzidas no Estado; e à participação efetiva no Programam Nacional de Levantamento e Interpretação de  Solos do Brasil (PronaSolos), visando o detalhamento das informações sobre os nossos solos, que permitirão um planejamento de uso e ocupação mais adequado e sustentável.

Visando dinamizar estas ações e discutir temas atuais ligados à Ciência do Solo, de forma a contribuir para o desenvolvimento local sustentável, é que pesquisadores de instituições de Ensino e de Pesquisa do Estado vêm se reunindo com o objetivo de criação da Rede Baiana de Ciência do Solo.



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