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NOTA DE REPÚDIO

O Dia Nacional da Consciência Negra, em memória do quilombola Zumbi dos Palmares, demarca a luta constante contra o racismo e pela construção de uma sociedade livre de todas as formas de opressão, dominação e exploração. Nessa data, são realizadas manifestações organizadas pelo movimento negro no Brasil, inclusive, buscando ocupar os meios de comunicação, para tratar de suas pautas, que são também de interesse de toda a sociedade.

Ocorre que, na última segunda-feira, dia 20 de novembro de 2023, Oliveira Adão Miguel, discente do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade (PPGMLS), homem negro, professor e de nacionalidade angolana, participou de entrevista em uma rádio da cidade de Vitória da Conquista – BA, todavia, a conversa tomou um rumo que, ao invés de funcionar como uma crítica e também como uma forma de superação do preconceito, do racismo, dos estereótipos imputados às pessoas negras, configurou-se em uma reforço do racismo estrutural em nossa sociedade.

Em face do ocorrido, de forma organizada e incisiva, o movimento negro e os apoiadores se mobilizaram e fizeram repercutir a gravidade do fato, sobretudo tendo ocorrido numa emissora de rádio, uma concessão pública do Estado.

Com a repercussão, o radialista que teceu os comentários sobre a diáspora do povo negro emitiu nota pública, no dia 23 de novembro de 2023, por meio da qual reconhece seu erro, afirmando que a sua “comunicação foi inadequada e infeliz por vezes, e refletia um preconceito racial que já não se encaixa hoje”.

Diante dos fatos, o Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade (PPGMLS) vem a público repudiar, veementemente, todas e quaisquer formas de discriminação e racismo manifestas, independentemente de suas dimensões.

É inadmissível que os espaços públicos, coletivos ou privados sejam o cenário de adjetivações ou caracterizações que violentem as pessoas, satirizando as suas origens.

Muitas vezes, tais atos inaceitáveis são praticados sob a forma de anedotas, escondidas sob a falsa concepção de liberdade de expressão ou ainda enrustidas na ignorância sobre as diversidades que constituem as sociedades contemporâneas.

Em várias situações, acrescenta-se ao preconceito, a conivência, o silêncio e a omissão das instituições ou indivíduos responsáveis e participantes de tais atos lesivos ao convívio dos seres humanos. O racismo estruturado precisa ser identificado, punido e extinto, de tal forma que não seja tolerado ou retroalimentado pelas gerações futuras.

Os discentes e docentes do PPGMLS reiteram seu compromisso de solidariedade, assumido de forma conjunta com o nosso colega e discente Oliveira Adão Miguel e com todos e todas que sejam atingidos pela discriminação e pelo racismo, bem como, repudiam quem comete crime e violência, conclamando todos os setores sociais ao engajamento contínuo e incessante contra a intolerância e o preconceito.