Ensaios

O desalento de uma era: populismos, extremismos, negacionismos e tirania

Prof. Dirlêi A Bonfim*

A humanidade está atravessando uma quadra de desalentos bastante diverso e insistente… No que pese, a Ciência, tem procurado dar uma resposta cada vez mais rápida e providencial, na busca de antídotos para cura das doenças, como no caso, das vacinas para o combate a Pandemia do Coronavírus (Covid – 19), que já vitimou mais de 2 milhões de pessoas nos quatro cantos do planeta. Como se não bastasse, esse período de uma brutal crise sanitária, sem precedentes na pós-modernidade… O que estamos a vivenciar, é ainda mais grave, é um momento de grande intolerância, brutalidade, impaciência e os populismos, extremismos, negacionismos e tiranias de toda ordem e matizes vão aparecendo e tomando formas horrendas… Como se estivessem adormecidos e, como um vírus do mal, de repente aparece infectando a sociedade humana de ódio, irracionalidade, racismo, homofobia, fanatismos, fundamentalismos, preconceitos, intolerância e todas as formas deploráveis de manifestações criminosas. Assim, nos colocamos à analisar, como mais um elemento de reflexão nesse momento tão difuso, conturbado e de tanto desalento “A Noite dos Cristais” como um grande pogrom organizado pelo governo nazista contra os judeus na Alemanha entre 9 de novembro e 10 de novembro de 1938. “A palavra pogrom é utilizada para se referir a um ataque violento organizado contra determinado grupo. O pogrom Noite dos Cristais”, foi realizado pelo governo alemão contra a população judia que residia no país. Esse evento é visto de maneira simbólica por muitos historiadores, pois consolidou a guinada de violência na Alemanha contra os judeus e deu, de fato, abertura ao processo de encarceramento, tortura e assassinato de judeus em campos de concentração. Até então, as ações contra judeus eram realizadas nos campos político e jurídico (apesar de ataques violentos também acontecerem). Com a Noite dos Cristais, a mensagem dada para os judeus era de que a violência contra eles aumentaria consideravelmente. O nome “Noite dos Cristais” dado a esse pogrom faz menção aos cacos de vidros que se espalharam pelas grandes cidades alemãs, decorrentes da destruição de vidraças de lojas que pertenciam a judeus. Quem sabe a partir daí poderemos estabelecer algum nexo de compreensão sobre o que está acontecendo, quando, no país, que se coloca, como uma das Democracias mais consolidadas do planeta, a partir da convocação de um determinado senhor que se coloca, acima do bem e do mal e vai às redes sociais convocar os seus fanáticos seguidores, em nome das suas convicções ardilosas, a invasão do Parlamento daquele país, é necessário que reflitamos profundamente sobre o que está de fato acontecendo… O fato, é que nesta semana, todos nós, fomos surpreendidos com a invasão do Capitólio… “Um grupo de apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invadiu nesta quarta-feira, 06/01/2021 o Capitólio, sede do Congresso americano em Washington, durante a contagem oficial dos votos do Colégio Eleitoral definidos nas eleições presidenciais de novembro, que deram vitória a Joe Biden, o que fez, com que esses seguidores fundamentalistas, tomassem tal atitude…? Claro, além da insanidade narcísica e absurda, da mais absoluta e inconsequente sedução pelo poder…do mentor fanático, em que fizera a convocação para a invasão, o que temos neste quadro, é a manifestação da ordem totalitária, fundamentalista, narcísica e doentia de cegos seguidores de lideranças macabras, que em nome do poder vale tudo, qualquer coisa, na defesa das suas convicções ideológicas fanáticas, fundamentalistas, absolutistas, míopes e criminosas. É necessário que se esclareça, que os EUA, que criticam tanto o oriente médio pelas suas posições fundamentalistas de algumas organizações políticas e religiosas, sejam, do Irã, do Iraque, da Palestina, ao mesmo tempo, não conseguem, controlar os seus fanáticos, absolutistas e fundamentalistas internos, a saber, gente que se encontra transvestidos atrás do manto do falso nacionalismo estadunidense, mas, que na verdade, são membros de organizações criminosas, como a “supremacia branca”, “ku klux klan” que pregam esses grupos …? Que estão todos envolvidos com o apoio incondicional ao Senhor Trump…? Vamos lá, pregam a violência, violência e violência… A ku klux klan é uma organização criminosa terrorista que surgiu nos Estados Unidos, na virada de 1865 para 1866, logo após a Guerra Civil Americana. Esse grupo foi criado para promover os ideais do supremacismo branco, ideais racistas que promovem a segregação e o ódio contra negros. O grupo surgiu com o intuito de atacar negros e defensores dos direitos civis e humanos para os afro-americanos. O klan, como é chamado, foi responsável por cometer atos violentos, criminosos e odiosos, como o incêndio de casas habitadas por afro-americanos, a detratação pública, o xingamento, espancamentos, enforcamentos e etc. Seus membros utilizavam capuzes e uma vestimenta branca e tinham como símbolo uma cruz. Em suas reuniões e ataques, também incendiavam cruzes. O “klan é classificado pelos historiadores como um movimento da extrema-direita/reacionária/fundamentalista”, sobretudo pelos ideais que motivaram a criação desse grupo: o supremacismo branco. Mas que, ao longo dos anos, esse ódio, foi sendo voltado também para os ataques criminosos, a outras categorias e gêneros, como: os homossexuais, os estrangeiros, os intelectuais especialmente do pensamento de esquerda, os religiosos de religiões diferentes daquelas professadas pelo klan… Enfim, um conjunto de ataques sórdidos às liberdades civis e humanas. É válido ressaltar que esses grupos, tem seguidores em todo o mundo. Que se manifestam das mais variadas formas. Desde a politização da vacina, contra a (Covid-19), até às manifestações mais patéticas e estapafúrdias sobre Economia, Saúde, Ciência Política, Hábitos e Costumes. Podemos analisar, os comportamentos de certos grupos e organizações que agem nas sombras, contra o diverso, o diferente, o contrário e o contraditório, civil, religioso, científico, educativo, artístico e cultural. Uma verdadeira era das trevas, nas relações sociais, educacionais, culturais e humanas. Vamos discutir o princípio do que se compreende como laicidade, no nosso caso brasileiro, o Brasil é um país laico, com base na Constituição Federal… O Estado Brasileiro é laico/secular, isso, teoricamente, prega a desagregação da religião e seus valores sobre os atos governamentais. Em uma democracia, a pluralidade de crenças e valores é incalculável, justamente por pousar sobre a liberdade. E o Estado deve agir com o máximo de neutralidade e igualdade possível com relação as mais diversas pautas, por isso, a laicidade é um princípio crucial para a manutenção da democracia e os direitos individuais e coletivos. O Art. 5º, inciso VI, assegura liberdade de crença aos cidadãos, conforme se observa: Art.Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: VI é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Segundo o Professor Fischmann (2012), em sua obra “Estado Laico, Educação, Tolerância e Cidadania ou simplesmente não crer”…

Assim, o caráter laico do Estado, que lhe permite separar-se e distinguir-se das religiões, oferece à esfera pública e à ordem social a possibilidade de convivência da diversidade e da pluralidade humana. Permite, também, a cada um dos seus, individualmente, a perspectiva da escolha de ser ou não crente, de associar-se ou não a uma ou outra instituição religiosa. E, decidindo por crer, ou tendo o apelo para tal, é a laicidade do Estado que garante, a cada um, a própria possibilidade da liberdade de escolher em que e como crer, enquanto é plenamente cidadão, em busca e no esforço de construção da igualdade. No Brasil, no entanto, há uma série de controvérsias…Caminhando em direção contrária às suas “irmãs” cristãs e islâmicas, nas religiões de matriz africana, o desenvolvimento de uma crença radical nunca se fez presente. São raros os casos de intolerância partindo de pessoas que seguem as religiões afro. Por outro lado, elas são vítimas recorrentes de preconceito e perseguição no Brasil. O filósofo Roberto Romano (2018), aponta o escravismo e as desigualdades sociais como fatores de preconceito. “Há conexões muito fortes entre a intolerância e a composição socioeconômica dos seus seguidores”, diz. Ele salienta que, apesar disso, não se pode dizer que é uma questão apenas de ordem econômico-social. “Há um elemento de fanatismo forte”, enfatiza. O doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Jung Mo Sung (2019), acredita, no entanto, que o preconceito contra religiões afro-brasileiras já foi maior, uma vez que já foram até proibidas no País. No atual momento, o preconceito e a intolerância estão mais presentes nas chamadas igrejas neopentecostais. Tais instituições – que têm na Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) a maior expoente – encabeçam um movimento político, religioso e socioeconômico razoavelmente recente. Segundo o Professor Marshall (2020), “há um discurso antimoderno, de combate ao Estado laico, à pesquisa científica, à saúde pública, às questões de gênero, que representa um retrocesso muito forte”, pondera o Professor Marshall de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Invertendo a lógica da pregação religiosa, que, primordialmente, clama por amor, convivência harmoniosa, justiça social e paz entre os povos, o movimento neopentecostal no Brasil – principalmente por parte de sua maior representante – é focado na desconstrução do outro. “São igrejas baseadas em uma proposta negativa. O discurso religioso de certos pastores, que não sabem o que propor de positivo, vive da pregação agressiva contra os outros”, numa clara manifestação dos “falsos profetas”… Que vislumbram muito mais do que a palavra de fé e sensatez, mas muito se discute sobre os espaços de poder. A sedução do poder, a intolerância religiosa anda de mãos dadas com a assunção das crenças a posições de comando. Religiões ou doutrinas que nunca detiveram poder, de modo geral, não são origem e multiplicadores de posições radicais, vide as religiões afro e o budismo. Por outro lado, a Igreja Católica foi o próprio poder por séculos, e as evangélicas atuais estão, a cada eleição, ganhando espaço nos legislativos e executivos municipais, estaduais e federal. A chamada bancada evangélica no Parlamento tem se fortalecido, com a religião assumindo posições de poder e fazendo uso de um discurso excludente para angariar mais fiéis/eleitores. Sung destaca que algumas autoridades de determinadas igrejas se beneficiam com o aumento de violência, pois, fomentando a agressividade no campo religioso, seus poderes são fortalecidos. “Se você ganha poder político em nome da intolerância, a intolerância passa a ser uma coisa vital. Como se elegeu a bancada evangélica? “Dizendo que evangélico só pode votar em evangélico, porque o resto é do diabo”. Se você abandona esse discurso, perde poder político”. Segundo o Professor Antônio O Silva (2014), no seu clássico: “Reflexões sobre a Intolerância, vai acrescentar: “… À intolerância religiosa soma-se a intolerância política, cultural, étnica e sexual. A inquisição está presente no cotidiano dos indivíduos: no âmbito do espaço doméstico, nos locais do trabalho, nos espaços públicos e privados…” Ela assume formas sutis de violência simbólica e manifestações extremadas de ódio, envolvendo todas as esferas das relações humanas. A intolerância é, portanto, uma das formas de opressão de indivíduos em geral fragilizados por sua condição econômica, cultural, étnica, sexual e até mesmo por fatores etários. Muitas vezes nos surpreendemos ao descobrir a nossa própria intolerância. A construção de uma sociedade fundada em valores que fortaleçam a tolerância mútua exige o estudo das formas de intolerância e das suas manifestações concretas, aliado à denúncia e combate a todos os tipos de intolerância. “Por outro lado, a tolerância pressupõe a intransigência diante das formas de intolerância e fundamenta-se numa concepção que não restringe o problema da tolerância! intolerância ao âmbito do indivíduo; esta é também uma questão social, econômica, política e de classe…” Assim, quando não se move e sobressai a sensatez, a racionalidade e a ética, a sociedade vai se descambando pelos descaminhos da barbárie humana, que tem sido representada pelos grupos de todos os modelos de fanatismos, fundamentalismos e tirania já citados, que se reflete no desalento de uma era.

**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental,

Professor da SEC/BA**Sociologia**Cursos/FAINOR de ADM/CONTÁBEIS/ENGENHARIAS/FAINOR/2021.1**

Oficina “ABNT não é Bicho Papão”

Oficina “ABNT não é Bicho Papão”: como usar os estilos Microsoft Word para sofre menos com as regras da ABNT

Dia 11 de janeiro de 2021 – Às 20h

Google Meet: https://meet.google.com/hzq-nxkd-kcn

Promoção: GEPEMDECC

Apoio: PPGEd

Outras informações:

Na intenção de colaborar no nosso desenvolvimento coletivo como pesquisadores, realizaremos na próxima segunda, dia 11, às 20 horas, a oficina: ABNT não é o bicho papão!
Uma oficina descontraída com algumas dicas de como usar o Word para facilitar seu trabalho de escrita e adequação às normas vigentes, sem sofrer tanto.
Teremos também uma apresentação inicial dos recursos do Zotero, (gerenciador de referências) e do Evernote, um aplicativo de anotações que faz milagres com os fichamentos de nossas leituras e anotações diversas!

Será uma oficina de instrumentação, com noções iniciais e algumas questões mais avançadas, na intenção de atender a todos os gostos! É um evento aberto a todas as pessoas que se interessarem pelo tema!

 

 

III SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR ENTRE AS LINHAS DE PESQUISA E I SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA ANÁLISE NO TERRITÓRIO DE IDENTIDADE VELHO CHICO

O Seminário Interdisciplinar têm como objetivo proporcionar aos cursistas atividades inerentes à divulgação da pesquisa científica e os temas propostos envolvem a construção de um trabalho interdisciplinar, construído a partir das componentes curriculares de cada módulo do curso, discutido nas reuniões das linhas de pesquisa, culminando numa atividade de ação coletiva, com a apresentação dos temas discutidos, com o objetivo de debater um conjunto de referenciais teóricos fundamentais para a compreensão dos fenômenos da gestão e políticas públicas para Educação Básica, visando aprofundar o debate sobre as teorias, conceitos e categorias que melhor permitirão a análise de objetos de pesquisa a partir de variadas perspectivas.

Inscrições:

 

Programação
ATIVIDADE DO EVENTO
Conferência I Educação do/no Campo: olhares sobre gestão escolar e formação de professores.
Data/hora: 11/12/2020 14:00 às 18:00
PALESTRANTEs
Drª Rosana Mara Chaves Rodrigues(UNEB) e
Drª. Maria Antônia de Souza (UEPG/Univ.Tuiuti)

ATIVIDADE
Conferência II Política e Governança Educacional: perspectivas globais diante da cidadania e do desenvolvimento social e educacional.
Data/hora: 11/12/2020 18:00 às 22:00
PALESTRANTEs
Dr.ª Maria Abádia da Silva (UnB) e
Dr. José Vieira de Sousa (UnB)

Painel 01
A influência dos organismos internacionais e da sociedade civil nas políticas da Educação Básica brasileira
12/12/2020 08:00 às 11:00
Dr.ª Maria Abádia da Silva (UnB)

Painel 02
Gestão democrática e avaliação emancipatória: reflexões sobre a Educação Básica.
12/12/2020 08:00 às 11:00
Dr. José Vieira de Sousa (UnB)

Painel 03
Educação do/no Campo em debate: desafios, fundamentos e concepções frente ao contexto político social atual.
12/12/2020 08:00 às 11:00
Dr.ª Tatyane Gomes Marques (UNEB) e
Me. Luís Geraldo (UNEB)

Apresentação Oral I 12/12/2020 14:00 às 18:00 Ma. Sandra Thomaz de Aquino
Apresentação Oral II 12/12/2020 14:00 às 18:00 Me. Luiz Ricardo Pereira de Almeida Braga
Apresentação Oral III 12/12/2020 14:00 às 18:00 Dr. Arthur Oswaldo Pereira Prado Netto
Apresentação Oral IV 12/12/2020 14:00 às 18:00 Me. Rodrigo Guedes de Araújo e Ma. Priscila Teixeira da Silva

Nossas Lives no Youtube

Confira nossa mais recente live No youtube! Clique aqui.

Live do GEPEMDECC
MOVIMENTOS SOCIAIS E A DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA:
Entre lutas e desafios de transformação social
Debatedoras: Dra. Celi Taffarel – UFBA, e Dra. Clarice Santos – UFC
Mediadora: Profa. Dra. Arlete Ramos dos Santos
Nexta quarta, dia 8 de Julho – 19hs

Transmissão pelo Canal do GEPEMDECC-UESB no YouTube:
https://www.youtube.com/gepemdeccuesb
Obs: A transmissão estará disponível a partir das 18:00 em nosso canal, neste link.

* Lives anteriores:*
30/06 – II Live Cultural
https://youtu.be/uGZn0Si5WsI
25/06 – POLÍTICA INTERNACIONAL E EDUCAÇÃO SOB A ÓTICA DA EXTREMA DIREITA
https://youtu.be/IcZTGvzLVcg?t=10
04/06 – I Live Cultural
https://youtu.be/vhiR0wa87lo
27/05 – EDUCAÇÃO, SOBERANIA ALIMENTAR E AGRICULTURA FAMILIAR: Desafios para a conjuntura atual.
https://youtu.be/_Ab5fCvI-E0?t=50
21/05 – Emancipação humana ou mais barbárie: Questões para a Educação no Mundo em Crise
https://youtu.be/A-yMQTI5kiA?t=45
13/05 – O homem e a Natureza em tempos de pandemia
https://youtu.be/ZcIGeCL_WI8?t=155
05/05 – Educação do Campo e Agroecologia em tempos de pandemia
https://youtu.be/ckoeDmuCO3k?t=50