*Texto disponibilizado por: Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar/ Docente da UESB e membro permanente do PPGGBC.
Título: Reefs of the Western Tropical South Atlantic Ocean: Distribution, Environmental Impacts and Trends on Environmental Suitability Due to Climate Changes
Autores: Ruy Kenji Papa de Kikuchi, Zelinda Margarida de Andrade Nery Leão, Marilia de Dirceu Machado de Oliveira, Marcelo Oliveira Soares, Maria Elisabeth De Araújo, João Lucas Leão Feitosa, Caroline Vieira Feitosa, Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar, e Fulvio Aurélio Morais Freire.
Disponível em: https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-031-21329-8_5
Resumo: “Os recifes são considerados hotspots de biodiversidade e habitat de corais tolerantes à turbidez, estão cada vez mais afetados pelos impactos locais antropogênicos (poluição, sedimentação relacionada a dragagem, pesca excessiva, turismo desregulamentado e bioinvasões), mudanças climáticas globais (aquecimento, ondas de calor, acidificação e elevação do nível do mar) e seus efeitos sinérgicos. Como consequência, os serviços ecossistêmicos são severamente afetados. A localização dos recifes em relação à linha costeira e às áreas urbanizadas são pontos-chave de vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas. Neste capítulo, sintetizamos as principais características da distribuição de recifes e ecossistemas coralíneos no Atlântico Sul ocidental tropical. Por fim, utilizamos três espécies de coral endêmicas (Mussismilia hispida, Mussismilia harttii e Mussismilia braziliensis) como indicadores do ecossistema de recifes para avaliar a tendência de adequação ambiental na região marinha tropical brasileira no cenário RCP8.5.
Mussismilia braziliensis, Mussismilia harttii e Mussismilia hispida, respectivamente.
Fonte: SeaLifeBase, http://cifonauta.cebimar.usp.br/media/9059/, http://cifonauta.cebimar.usp.br/media/9633/
Na Ecorregião Nordeste, a tendência de aumento de potencial área relativa de alta adequabilidade foi similar para as espécies nos cenários futuros, com exceção de M. hispida para o cenário de 2090-2100. Deslocamentos de área potencial em direções ao norte a ao sul das preditas pelo cenário moderno são previstas em estudos de variações climáticas (Frieler et al. 2012, Freeman et al. 2013). O que nos chama atenção para a presente avaliação é que as três espécies apresentavam potencial área de alta adequabilidade no cenário moderno na Ecorregião Nordeste, em áreas próximas ao limite da Ecorregião Oriental. No geral, as três espécies apresentaram na predição do cenário moderno estimativas de 40 a 140km2 (0,4 a 1,4%) de potenciais áreas de alta adequabilidade para aproximadamente 1000 a 1280 km2 (10,1 a 12,93%). Por fim, M. hispida não seguiu esse padrão para o cenário de 2090-2100, as estimativas indicam uma retração de potenciais áreas de alta adequabilidade após o cenário de 2040-2050 seguido da estimativa de registro de potenciais áreas de alta adequabilidade da Ecorregião da Amazônia a Ecorregião Rio Grande.
Adequabilidade ambiental predita para a espécie Mussismilia hartii usando o modelo da Máxima Entropia para os cenários (a) Moderno 2000-2014, (b) RCP85 2040-2050 e (c) RCP85 2090-2100. Cores mais escuras indicando ambientes mais adequados para a espécie. Delimitação e numeração das Ecorregiões Marinhas de acordo com o proposto por Spalding et al. (2007).
Nossos resultados indicam que a mudança climática e, consequentemente, o aumento da acidificação oceânica irão impactar profundamente as condições distribuição de habitat adequados para estas espécies, tanto no cenário RCP45 (2040-2050) quanto RCP (2090-2100). As novas áreas preditas pelos cenários futuros, entretanto, não podem ser consideradas como novos locais de colonização (competição, predação entre outros fatores regulam o processo). Mas sim, os locais que se mantiverem nos cenários são imprescindíveis na concentração de estudos e informações de subsídios para políticas públicas e ambientais.”