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Reitor fala sobre desafios e perspectivas da Uesb após 100 dias de gestão

Entrevistas

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O professor Luiz Otávio de Magalhães, reitor da Uesb, após 100 dias do início da sua gestão, fala dos desafios de estar à frente de uma das principais instituições de ensino superior da Bahia. Nesse sentido, ele comenta sobre a atual realidade vivenciada pelas universidades brasileiras, no que se refere à situação econômica e orçamentária. O reitor destaca ainda as expectativas para o futuro da Uesb, no sentido de consolidar as ações de ensino, pesquisa e extensão da Universidade.

Como o senhor visualiza o desafio de gerir uma das principais instituições de ensino superior da Bahia?

É um desafio e, ao mesmo tempo, eu considero também um privilégio em termos de oportunidade de atuação em uma Instituição, que eu considero e essencial, não simplesmente para o Sudoeste da Bahia, mas para a própria ideia de sociedade, democracia, liberdade e cidadania.

Toda universidade é, por natureza, uma instituição extremamente complexa, principalmente por ser pautada pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Tudo isso é imbricado e exige uma rede de gestão extremamente complexa e articulada. A Universidade, hoje, no Brasil, passa por um momento de forte insegurança, não apenas financeira e orçamentária, mas insegurança jurídica e também institucional. Então, isso é um grande desafio, pois impõe algumas outras grandes dificuldades. Gerir uma universidade hoje pressupõe você gastar uma energia enorme procurando garantir recursos básicos para o funcionamento da instituição. Ou seja, a gente acaba ficando muito tempo preso às agruras do presente, quando, na verdade, a universidade, por sua característica, deveria ser uma instituição de futuro.

Hoje, o principal desafio que eu vejo na gestão das instituições públicas é esse equilíbrio entre a universidade como instituição que é uma espécie de centelha de um futuro, pela sua capacidade de agregar ensino, pesquisa e extensão, e por outro lado são essas precariedades que nos prendem no presente imediato. A gente tem que lidar com os problemas do dia a dia, sem perder de vista um projeto de futuro, porque a universidade que não pensa no futuro perde um pouco a sua essência.

No atual cenário, quais são as prioridades para a Uesb?

Com todas essas dificuldades que nos prendem ao presente, e nos fazem enfrentar essa luta diária que envolve questões de fortalecimento orçamentário, administrativo e acadêmico da Universidade, eu acredito, ainda, que a principal prioridade para a Uesb é ter um plano de futuro. Nós temos que ter um projeto que pense qual a Universidade que queremos ter daqui a quatro anos para a população do Sudoeste.

De alguma forma, daqui a quatro ou cinco anos, nós vamos ter uma população que está aumentando, vamos ter mais jovens e eles vão precisar de uma universidade pública. Então, essa Universidade tem que estar existindo e tem que se expandir para atender essa demanda. A gente precisa ter um projeto de expansão e brigar por ele.

Nessa perspectiva de futuro, nós precisamos ter estratégias para atender esses jovens o que exige, por exemplo, uma avaliação da nossa carteira de cursos, se existe demanda para outros tipos de formação. Isso significa ter um olhar para o futuro e traçar metas nesse sentido.

Esse projeto tem que ser algo pensado e debatido dentro da Universidade. Uma prioridade hoje é estabelecermos uma rotina de avaliação e de construção de um projeto de desenvolvimento institucional plurianual, que a gente tenha uma meta para o futuro e, a partir dela, possamos ter metas intermediárias a cada ano, e que a gente consiga criar uma rotina, na qual as nossas ações acadêmicas e administrativas sejam avaliadas por esse projeto. Então, ter essa expectativa e dimensão de que a universidade, mesmo com todas as adversidades que vive hoje, é uma instituição comprometida com o futuro. Essa é uma prioridade simbólica, que não podemos perder de vista.

A Uesb é uma universidade multicampi. De qual forma a administração da Instituição está trabalhando para atender as demandas específicas de cada campus?

Embora a universidade seja única, a experiência universitária é muito ligada a um território, a um espaço. Talvez essa seja a grande especificidade que nós temos aqui, que é como construir dentro de cada campus um espaço em que o estudante, o professor, o funcionário, se sintam como parte da Universidade e parte do ambiente de formação.

Todos os campi têm algumas características específicas, embora, todos também tenham uma dimensão universitária, no sentido que agregam diferentes áreas do conhecimento. No geral, o que percebemos é que todos os três campi, por mais que tenham algumas especificidades, compartilham das mesmas dificuldades. São dificuldades que se referem à garantia do funcionamento do cotidiano.

Fora isso, todos têm suas expectativas de futuro, todos querem ter um horizonte. Nosso desafio institucional é pensar a Universidade do futuro, e essa definição tem que ser levantada em cada campus. Precisamos pensar como podemos garantir que cada campus tenha o seu plano diretor, para pensar a sua localização espacial, que leve em consideração todas as suas atividades acadêmicas, de ensino, pesquisa e extensão, envolvendo atividades de integração, culturais e esportivas.

A Uesb está prestes a completar 40 anos. Como o senhor vislumbra o futuro da Universidade?

Eu continuo vendo a Universidade com um grande futuro e acredito que o que a gente está fazendo aqui hoje, em Vitória da Conquista, Itapetinga e Jequié, é uma prática acadêmica que segue ritos, modelos de desenvolvimento do conhecimento, de pesquisa, de formação de uma prática que tem mais de mil anos. Não fomos nós que inventamos isso, mas estamos fazendo porque temos orgulho da história da Universidade, e esse orgulho vem da força que a Universidade tem de impactar a vida das pessoas.

A universidade faz parte de um patrimônio da nossa tradição. Então, eu acredito que a universidade vai sobreviver a esses momentos de instabilidade institucional e orçamentária. Eu não quero acreditar que o futuro da universidade está ameaçado em função de momentos contingenciais da história em que você tem uma desvalorização da formação universitária do investimento em educação e saúde. Acho que esses são fenômenos pontuais da história.

Eu acredito que são muito poucas as pessoas que passam pela universidade no sentido de concluir a sua trajetória de formação e não a percebam como uma instituição fundamental. Eu acredito que a universidade vai continuar sendo isso, uma instituição capaz de colocar para quem está nela uma grande quantidade de opções em termos de formação e de vida, como cidadão. Ela vai continuar fazendo essa diferença na vida das pessoas daqui a 40, 100 anos. Espero que a Uesb seja uma instituição que faça parte ad infinitum da vida das pessoas do Sudoeste baiano.

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