O que poderia ser abordado na Redação do Vestibular 2020?
Graduação
“Só existe justiça onde a equidade opera. Igualdade não é justiça!” foi o tema da Redação no Vestibular Uesb 2020
Uma das maiores expectativas dos candidatos ao Vestibular Uesb é o tema da redação. Prova crucial na caminhada rumo à aprovação, a Redação é peso máximo para todos os cursos de graduação no processo seletivo, sendo, inclusive, eliminatória.
Em 2020, o Vestibular trouxe como proposta temática “Só existe justiça onde a equidade opera. Igualdade não é justiça!”. Para auxiliar os estudantes, a prova apresentou, nos textos motivadores, uma definição de equidade e um trecho de Samuel Sabino no qual se discute questões de equidade e igualdade.
Para elaborar uma boa redação, a professora Gabriela Silveira, que atua no Programa Universidade Para Todos, faz um alerta: “falar de equidade é, sem dúvidas, chamar atenção para a necessidade de ser empático às minorias sociais”. Segundo ela, alguns caminhos possíveis para uma redação de sucesso seria “trazer abordagens que viabilizassem a participação justa de populações socialmente marginalizadas, tal como a acessibilidade a pessoas com deficiências, cotas raciais e sociais, meios de sanar a desigualdade de gênero e a financeira”.
A professora sinaliza também a atenção necessária para não fugir da temática proposta. “É preciso ter cuidado para não focalizar o tema da igualdade e esquecer a equidade, ocasionando fuga do tema. Aqui, é necessário pensar que a equidade é o caminho para a justiça social. Dessa forma, é útil manter a atenção em grupos que precisam ser atendidos dessa maneira, ou seja, quem tem menos acesso, precisa de mais atenção e amparo do Estado, das instituições, da família e da escola”, pontua.
Mas o que é equidade?
Pesquisadora da área de Direito Humanos, a professora da Uesb, Luciana Silva, destaca que “minoria não é um conceito relacionado à quantidade. Nas Ciências Sociais, minorias são grupos marginalizados e inferiorizados”. A partir disso, é preciso ponderar algumas questões. “Apesar da Constituição Federal determinar que todos são iguais perante a lei, trazendo o imperativo da igualdade, é preciso que as diferenças entre as pessoas sejam observadas”, completa a professora.
Luciana traça ainda um paralelo entre igualdade e equidade, ponto crucial na temática deste ano. “Enquanto a igualdade traz que todos devem ser tratados de forma igual, a equidade indica que, para atingir a igualdade, as desigualdades precisam ser levadas em consideração. Por isso, a importância da política de cotas e proteção especial para as minorias”, explica.
Para a prova, a pesquisadora enxerga espaço para abordagens em torno das desigualdades sociais brasileiras com possibilidade, inclusive, de dialogar com contextos internacionais. É possível “discutir políticas específicas de proteção das minorias e as resistências de implementação das mesmas como forma de manutenção das assimetrias”, lembra Luciana.