Os primeiros passos de uma universidade
Especial 40 anos
Ainda no fim da década de 1970, a Fundação Faculdade de Formação de Professores já arava a terra, para germinar uma Universidade na região Sudoeste. Naquela época, com dois cursos em Jequié (Ciências e Letras) e a formação em Letras, em Vitória da Conquista, a semente do que se tornou a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia contava com menos de 100 alunos matriculados.
A proposta para a criação de uma universidade se deu a partir do anseio da comunidade e, também, de uma política estadual de interiorização do acesso ao Ensino Superior, iniciada na década de 1960. Foi nesse período que o Plano Integral de Educação do Governo do Estado instalou as Faculdades de Formação de Professores nos municípios de Alagoinhas, Feira de Santana, Jequié e Vitória da Conquista.
No entanto, somente no início da década de 1980, as discussões para a criação de uma Universidade se consolidaram com a estruturação dos primeiros cursos da Uesb: Zootecnia, em Itapetinga; Enfermagem, em Jequié; e Agronomia, em Conquista. O curso de Ciências, em Jequié, foi desmembrado, mais tarde, nos cursos de Biologia e Química.
Desafios não faltaram para quem participou do processo de implantação ou para quem esteve presente no início, como o ex vice-reitor, professor Rui Macedo, e a professora Ana Angélica Barbosa. “A estrutura física onde funcionavam as Faculdades de Formação era precária, havia deficiência de professores e de técnicos administrativos, mas as licenciaturas curtas cumpriram seu papel, foram muito importantes para a formação de uma clientela que não tinha possibilidade de participar de cursos universitários na capital”, explica o professor Rui Macedo.
A comunidade ansiava pela implementação de uma universidade pública e as políticas governamentais buscaram atender essa necessidade. A soma desses fatores resultou na ampliação do acesso ao Ensino Superior no interior do Estado, em prol da valorização do profissional recém-saído dos cursos técnicos de magistério.
“Com a dedicação do corpo docente e administrativo, as Faculdades de Formação de Professores foram ganhando notoriedade pelo trabalho oferecido. Havia um desejo muito grande dos formados nas licenciaturas curtas, tanto em Jequié, como em Vitória da Conquista”, lembra o professor.
Construção coletiva
O que marcou, de fato, a implantação da Universidade, de acordo com a professora Ana Angélica Barbosa, foi a publicação do Decreto nº 94.250, em 22 de abril de 1987, autorizando o funcionamento da Instituição. Até chegar nesse passo, foram cerca de quatro anos de articulações, organização de documentos e estruturação acadêmica e administrativa.
“Considero que a articulação interna mais importante foi a elaboração da Carta Consulta, documento construído coletivamente, que foi encaminhado para a autorização da atual Uesb. Entre 1982 e 1986, fizemos um trabalho de reorganização curricular dos cursos de licenciatura, e aconteceram as implantações das habilitações em Biologia e em Química”, completa a professora.
O crescimento já era perceptível. De 1985 a 1991, os relatórios administrativos mostravam que haviam 1656 alunos matriculados nos três campi da Instituição. Depois, em 1998, a Universidade foi credenciada pelo Conselho Estadual de Educação. Com essa etapa, que vinha sendo pleiteada desde a sua implantação, a Uesb consolidou-se como uma universidade pública, proporcionando maior autonomia no uso de suas atribuições.