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Combate ao Aedes aegypti: a vigilância deve ser continuada

Pesquisa

O Brasil vive um momento crítico em relação ao controle do mosquito Aedes aegypti, inseto transmissor da dengue, febre de chikungunya, zika vírus e também da febre amarela. Ainda há suspeita de que o vírus zika pode causar a microcefalia, deformação neurológica que impede o crescimento normal do tamanho do cérebro da criança. Segundo o boletim epidemiológico mais recente, emitido pelo Ministério da Saúde, foram registrados neste ano no Brasil 802.429 casos prováveis de dengue; 39.017 casos prováveis de febre de chikungunya; e 91.387 casos suspeitos de febre provocada pelo vírus zika. A Bahia, em 2015, notificou 15.360 casos suspeitos de dengue e, em 2016, 36.191 casos foram notificados, mais que o dobro. Já os casos prováveis de febre de chikungunya em 2016 são 13.836. Quanto ao vírus zika, o estado registra 25.061 notificações. Lembrando que, com as atualizações, muitos desses casos podem ser confirmados ou descartados.

 

Estudos sobre o Aedes aegypti

Pesquisadores da Uesb, do campus de Itapetinga, vêm realizando estudos sobre produtos naturais que possam ser utilizados em programas de controle integrado do Aedes aegypti, a fim de colaborar também com o combate às doenças transmitidas pelo mosquito. O trabalho é desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa de Inseticidas Naturais (Lapin), sob coordenação da professora Sandra Cunha.

Dedicar 10 minutos por semana à vistoria de possíveis criadouros é fundamental para reduzir a proliferação do Aedes aegypti.

O Lapin utiliza em seus estudos alguns tipos de plantas, aplicadas numa determinada linhagem do mosquito, da qual é realizado os ensaios biológicos. De acordo com a docente, foi estabelecida uma colônia do Aedes aegypti, a partir de ovos da linhagem Rockefeller, cedidos pelo Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes e Vetores, da Fundação Oswaldo Cruz. Segundo Cunha, os ensaios são feitos com plantas vindas principalmente da região do semiárido.  “A maioria das plantas avaliadas são coletadas em uma unidade de conservação de uso sustentável, localizada no estado da Bahia. Uma parceria entre a Universidade e essa unidade de conservação”, destaca a professora. Outros materiais de origem vegetal também são avaliados pelos pesquisadores. Nesse sentido, Cunha ressalta que, em geral, a equipe foca em produtos que tradicionalmente são descartados como lixo, não sendo aproveitados na alimentação.

A docente alerta sobre a importância de se considerar os efeitos tóxicos dos produtos. Para ela, não basta apenas que ele seja eficiente para o Aedes aegypti, mas que apresente baixa ou nenhuma toxicidade aos mamíferos. “O uso inadequado de subprodutos vegetais, sem o conhecimento toxicológico, pode originar efeitos adversos e, muitas vezes, retardados e/ou assintomáticos, sendo fundamental a avaliação toxicológica dos produtos naturais que apresentarem efeito tóxico sobre o vetor, antes de serem liberados para o consumo”, diz.

A principal forma de combater insetos como o Aedes aegypti, segundo a professora, é a utilização de agentes químicos. Contudo, o uso frequente dos inseticidas tem resultado na seleção de mosquitos resistentes, tornando relevante a busca por novas formas de controle. Substâncias larvicidas, adulticidas e repelentes de origem vegetal podem se tornar uma opção de baixo impacto ambiental, ecologicamente viável e que pode vir a retardar o aparecimento de mosquitos resistentes.

Campanha Interna

Em fevereiro, a Uesb mobilizou uma campanha de combate ao Aedes aegypti, realizada nos três campi. O objetivo foi capacitar a equipe de serviços gerais para identificar e reconhecer os possíveis focos do mosquito, orientar os setores, sensibilizar a comunidade acadêmica e reforçar a conscientização no combate ao inseto. Mutirão e palestras foram algumas das atividades desenvolvidas. A Universidade também disponibilizou números de telefones para que qualquer pessoa da comunidade acadêmica que encontrar um possível foco do Aedes aegypti entre em contato com os setores responsáveis.

Ainda de acordo com a pesquisadora, dentre os experimentos realizados no Lapin, muitos produtos não se revelaram eficientes contra o Aedes aegypti e alguns se mostraram efetivos, mas ainda não foram avaliados quanto ao seu efeito tóxico para mamíferos. “Outros já tiveram o seu efeito tóxico comprovado sobre o Aedes aegypti e uma análise preliminar revelou a sua baixa toxicidade para mamíferos”, destaca.

Alguns produtos naturais avaliados pela equipe estão em processo de solicitação de patente. Mas, segundo a pesquisadora, há um longo caminho a percorrer até se chegar à finalização de um determinado produto. “Caminho esse que tende a se tornar menos longo na medida em que as parcerias vão sendo feitas, otimizando dessa forma o uso dos recursos financeiros, bem como a redução do tempo para se chegar a um produto que seja economicamente viável, que apresente uma maior especificidade e que tenha baixa ou nenhuma toxicidade para o homem”, explica.

Segundo Cunha, dedicar 10 minutos por semana à vistoria de possíveis criadouros é fundamental para eliminar as larvas e reduzir a proliferação do Aedes aegypti. “Cada um de nós pode contribuir com o controle e não ficar apenas esperando uma descoberta milagrosa. Vamos monitorar também o nosso entorno e fiscalizar a atuação dos gestores públicos. Se os mosquitos têm as suas estratégias de sobrevivência, nós também temos, e a nossa maior estratégia é o controle mecânico”, conclui.

O estudo, que tem ampliado o conhecimento sobre a biodiversidade baiana, é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Outra contribuição do projeto é na formação de pesquisadores de iniciação científica e de mestrado. O trabalho tem a parceria dos docentes Ivone Antônia de Souza, da Universidade Federal de Pernambuco, e Mário Geraldo de Carvalho, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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