Entrevista – reitor fala sobre os 35 anos da Uesb
Entrevistas
No ano de comemoração dos 35 anos da Uesb, o professor Paulo Roberto Pinto Santos, reitor da Universidade, faz um panorama histórico, destacando as principais conquistas e contribuições da Universidade para a região na qual está inserida. Dentro dessa perspectiva, o professor relembra um pouco da sua trajetória dentro da Instituição. Além disso, o reitor comenta a situação da Uesb na atual conjuntura econômica, quando menciona os desafios enfrentados pela Universidade para continuar sendo um dos principais instrumentos de produção de conhecimento e desenvolvimento regional.
Professor, na atual conjuntura do país, como o senhor avalia a situação das instituições estaduais de ensino superior da Bahia?
As instituições de ensino superior da Bahia têm uma importância muito grande para o nosso Estado, especialmente para as regiões de atuação de cada universidade. Nós temos, no Estado da Bahia, um PIB muito concentrado na região metropolitana de Salvador, e as universidades são instrumentos para a descentralização dessa condição para o interior, promovendo o desenvolvimento regional e a inserção social, a partir da formação de profissionais qualificados. No caso específico da Uesb, que tem uma área de atuação em três territórios (Médio Sudoeste, Médio Rio de Contas e Vitória da Conquista), ela passa a ter uma influência regional muito grande. Aqui, nós formamos profissionais em 47 cursos de graduação, bem como temos uma forte pós-graduação stricto sensu, com isso, o ensino, a pesquisa e a extensão da Uesb vêm se solidificando. Portanto, mesmo diante de uma situação de crise política e econômica que nós estamos vivendo, a nossa Universidade tem, nesse momento, uma importância fundamental, porque aqui trabalhamos com a formação de pessoas.
É evidente que, com a situação econômica grave que estamos vivendo, tanto em âmbito nacional quanto estadual, isso repercute no orçamento, que vem diminuindo, principalmente, nas questões de manutenção e investimento da nossa Instituição. Isso tem acarretado em dificuldades muito grandes para que possamos manter a qualidade dessa Instituição, como contratar docentes, técnicos e ampliar e conservar a infraestrutura da Universidade, além de comprar materiais de consumo e equipamentos. O grande desejo de toda a comunidade acadêmica e da gestão da Uesb é manter um padrão crescente na melhoria da qualidade daquilo que é ofertado para a região. O nosso grande capital é formado pelos discentes, docentes e servidores técnicos que compõem a nossa Universidade. Por isso, precisamos trabalhar em conjunto para passar por esse momento de grave crise, mantendo essa Universidade como um grande instrumento para o desenvolvimento regional, para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, permanecendo como um meio fundamental para se trabalhar a diminuição da desigualdade social na nossa região.
A Uesb está reavaliando seu estatuto. Esse é um momento simbólico para a comunidade? Em que ponto?
É um momento muito importante para a Universidade e para a comunidade acadêmica. O estatuto, na realidade, é onde se encontram as normas que regem a política institucional, a estrutura de como deve funcionar a Universidade, a sua questão organizacional e também de como funcionam os seus conselhos e seus setores. Esse é um documento que tem que ser muito analisado, muito bem pensado e discutido amplamente pela comunidade acadêmica.
É necessário que o maior número possível de estudantes, professores e servidores conheça toda a discussão e participe de todo o processo de construção desse estatuto, porque isso vai afetar a vida de todos. Então, quanto mais plural, democrático e discutido, maior será a eficiência desse estatuto para a consolidação e crescimento da nossa instituição. O estatuto não pode refletir apenas a interpretação e o pensamento de uma gestão ou de alguns grupos que estão trabalhando e interagindo nas discussões, ele tem que representar o pensamento da comunidade como um todo. Para isso, a comunidade tem que se apropriar dessa discussão e ter uma participação efetiva.
No fim do ano passado, a Uesb alcançou nota 4 no Índice Geral de Cursos (IGC). O que isso representa para a Instituição?
É muito importante para a nossa Instituição ter nota 4 no Índice Geral de Cursos. Essa nota nos coloca entre uma das melhores universidades do Estado da Bahia e também do Brasil. A Bahia, hoje, das quatro universidades estaduais, só tem duas com IGC 4, que é a Uesb e a Uesc, e duas universidades federais, no conjunto das universidades públicas do Estado. Isso demonstra, claramente, como nossa Universidade está bem avaliada.
É evidente que uma avaliação como essa só foi possível porque houve um trabalho muito forte de toda a Instituição. Esse é o resultado de um conjunto de ações da graduação, da pós-graduação, da extensão e da administração. Portanto, é uma conquista da comunidade acadêmica, que só foi possível pelo elevado desempenho dos docentes, discentes, e servidores técnicos e analistas universitários que constroem essa Instituição.
Qual a perspectiva de futuro que o senhor tem para a Instituição?
Essa é uma universidade que tem um reconhecimento da comunidade regional, do próprio Estado e de avaliações externas positivas. A Uesb é uma instituição que, nesses 35 anos de existência, optou pelo fortalecimento do ensino e pela qualificação dos seus docentes e servidores técnico-administrativos. Hoje, nós somos uma Universidade que oferece diversos cursos de graduação, além dos mestrados e doutorados, que são diferenciais no conjunto da área de ensino universitário aqui na nossa região. Isso significa que a Uesb é um grande patrimônio regional enquanto instrumento para o desenvolvimento.
Além disso, essa é uma universidade com uma pluralidade muito grande, uma universidade eclética, democrática, com os muros abertos para a comunidade e que interage com a mesma. Acredito nessa Universidade que tem potencial de transformar realidades, que mantém o olhar para o futuro de forma positiva. A sociedade investe na Instituição e a forma que temos de retribuir é oferecendo à mesma o que é produzido pela Universidade.
Quando eu vejo o futuro da Uesb, eu vejo com bastante otimismo, por tudo que foi construído com o empenho da nossa comunidade acadêmica. Ainda que o ritmo diminua em alguns momentos, seja por dificuldade orçamentária ou outra questão, eu tenho certeza absoluta que a Universidade é capaz de nos fazer sonhar, acreditar e ter certeza da consolidação do ensino, da pesquisa e da extensão e no avanço sempre no sentido de melhorar a vida das pessoas por meio do conhecimento.