Projetos da Uesb fortelecem empoderamento social e asseguram direitos
Extensão
O fortalecimento da diversidade e da emancipação de pessoas e grupos sociais está entre as missões da Uesb.
“Promover na mulher o empoderamento”. “Estimular o fortalecimento da identidade de pessoas e de grupos que viveram em silenciamento por muito tempo”. “Concretizar a realização de um sonho”. Essas percepções são de pessoas que tiveram as vidas transformadas por espaços que vêm sendo construídos de forma conjunta entre a Uesb e a comunidade. A proposta dessas ações é fortalecer o caráter da diversidade e de emancipação de pessoas e grupos sociais.
Para além do ensino e do desenvolvimento de pesquisa, a Uesb promove uma série de atividades voltadas para a comunidade em Vitória da Conquista, Jequié e Itapetinga. Através da formação superior de seus estudantes e de profissionais especializados, a Universidade assiste à população desses municípios, contribuindo para o desenvolvimento regional e para a melhoria na qualidade de vida.
Realização de um sonho
Foi o caso da família que participou da 4ª edição do Casamento Coletivo, promovido pelo Centro Judiciário de Solução Consensual de Conflito (Cejusc), por meio do projeto Laço de Família. A iniciativa abrange casais, prioritariamente residentes de povoados ou distritos, em situação de vulnerabilidade econômica e social que convivam de forma estável e desejam oficializar a relação.
Em 2019, na mesma cerimônia, mãe, filho, irmã e prima se casaram. Ednália Novaes dos Santos, moradora de Itapirema, zona rural de Vitória da Conquista, conta que, naquele mesmo ano, soube da existência do projeto e levou a informação para a família. “Falei com minha prima, minha irmã e com meu filho. Todos já tinham planos de se casar, mas não tínhamos condições. Foi uma ótima oportunidade de realizar um sonho e ainda ter um casamento em família”, relembra.
A prima Maria Neiva de Novaes, moradora de São Sebastião, também zona rural de Vitória da Conquista, oficializou a união com Uélio de Jesus Santos. “Sempre quis casar, já estava correndo atrás antes, mas sem condições financeiras para pagar. No casamento coletivo, graças a Deus, não pagamos nada. Tive meu sonho realizado. Até o vestido eu ganhei. Além de casar em família, ainda fui contemplada em um sorteio de um vestido de noiva, em uma ação que o projeto faz antes da cerimônia. Casei com um vestido maravilhoso”, comemora.
O Casamento Coletivo chega a sua sexta edição com o apoio de instituições públicas e privadas, incluindo a parceria com a Defensoria Pública do Estado da Bahia e com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vitória da Conquista. Até o momento, nas cinco edições do projeto, aproximadamente, 500 casais formalizaram a união.
Fortalecimento da identidade
Entre as ações voltadas para a comunidade, anualmente, o Odeere realiza eventos voltados para as comunidades acadêmica e local, como o Dia de combate à discriminação étnica (em março), o Caruru do Erês, Ibejis, Wunjis e Cosme e Damião (em setembro) e a Semana de Educação da Pertença Afro-Brasileira (em novembro).
Essa relação com a comunidade também tem sido uma marca registrada do Órgão de Educação e Relações Étnicas (Odeere). Fundado em 2005, em Jequié, o órgão tem sido um espaço de produção de conhecimento acerca das Relações Étnicas e sobre Gêneros e Diversidade Sexual. Idália Lina dos Santos, professora do Ensino Fundamental da rede estadual de Jequié, tem uma relação de longa data com o Odeere. Tudo começou em 2006, quando participou do curso de extensão de “Educação e Cultura Afro-brasileira”.
“Para mim, o Odeere é um espaço de encantamento. Através de suas discussões, leva cada pessoa a reconhecer-se e identificar-se. Viver num espaço que lhe permite confrontar com as diferenças e ressignificar referências importantes para suas identidades é extraordinário”, avalia. Idália atuou, ainda, como docente do projeto, ministrando aulas nos cursos de extensão. Também fez a Especialização em Antropologia com ênfase em Culturas Afro-brasileiras e, atualmente é aluna do curso de Mestrado em Relações Étnicas e Contemporaneidade, ambos da Uesb.
Ela destaca a importância do aprendizado e da relação com o Odeere em suas práticas pedagógicas e a importância de levar essas contribuições para a comunidade. “As escolas, de um modo geral, mostram a cultura afro no folclore, por região. É preciso trazer a discussão da cultura afro e fazer com que o aluno se identifique como descendente de negro, que entenda que ele tem uma pele negra, que tem um cabelo que faz parte dos seus descendentes e que são lindos como são. Precisamos nos empoderar do que nós somos, entender que os nossos antepassados lutaram muito. O Odeere propõe esse discurso e vem contribuindo muito para o fortalecimento da identidade de pessoas e de grupos que, ao longo dos tempos, viveram no silenciamento”, explica.
Acolhimento e empoderamento
Também com o propósito de promover o empoderamento, o projeto “Quebrando o Silêncio: Violência Contra Mulher”, desenvolvido no campus de Itapetinga, vem trabalhando o debate sobre a violência contra mulher. Entre as atividades desenvolvidas, estão o atendimento direcionado às mulheres com foco na prevenção, acolhimento, escuta especializada, orientação jurídica e psicossocial.
A coordenadora do projeto, Zoraide Santos Vieira, explica que as ações permitiram aos discentes partícipes vivenciarem e participarem de ações multi, inter e transdisciplinares integradas às seguintes áreas do conhecimento: Direitos Humanos, Saúde, Serviço Social e Segurança Pública. “A extensão universitária, através dos programas institucionais articulados com o ensino e a pesquisa, revela-se como instrumento essencial para a inserção da Universidade na sociedade”, analisa, enfatizando que o projeto já motivou denúncias por assédio, efetivação de divórcios e o empoderamento da mulher.