O que poderia ser abordado na Redação do Vestibular Uesb 2023?
Vestibular
“Caminhos para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde no Brasil” foi o tema da Redação do Vestibular Uesb 2023
Você sabe o que é o Sistema Único de Saúde e a contribuição dele para o Brasil? No Vestibular Uesb 2023, cerca de 7400 candidatos tiveram que discutir o tema “Caminhos para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil” na prova de Redação. Mas o que poderia ser abordado diante dessa temática?
Segundo o professor Caio Aguiar, mestre em Linguística pela Uesb, o primeiro ponto é que o candidato entenda, linguisticamente, a proposta temática. “Para apontar ‘caminhos’ para o fortalecimento do SUS, era preciso considerar alguns obstáculos. Como se sabe, essas dificuldades são inúmeras, cabendo ao candidato fazer uma escolha de, ao menos, dois problemas que são mais evidentes”, pontua.
Entre esses problemas, Caio ressalta alguns pontos que poderiam ser trabalhados no texto. São eles: a falta de reconhecimento e de valorização à atenção básica, desarticulação de seus programas entre si e com a sociedade; o negacionismo frente ao uso de medicamentos e à vacinação (evidente, principalmente, durante a pandemia); a superlotação das unidades de urgência e emergência (prontos-socorros); e o acesso precário com longas filas para marcação de consultas, procedimentos (como cirurgias) e exames.
O professor destaca ainda a falta de leitos hospitalares e desigualdade na distribuição pelas regiões do país, bem como a insuficiência de leitos de UTI como uma das possibilidades de abordagem. “O vestibulando poderia ainda tratar sobre a insuficiente assistência farmacêutica à população; sobre a falta de humanização e de acolhimento adequados nas unidades de saúde; sobre o descaso com a saúde mental, mesmo diante do aumento indiscriminado de dependentes químicos no país, principalmente na camada mais jovem da população; ou ainda sobre a tendência à judicialização na saúde, provocando demandas excessivas e corriqueiras ao poder judiciário e ao ministério público”, completa.
Considerar seu repertório sociocultural é essencial para escolher quais os pontos abordar entre tantos possíveis, segundo o professor. “É preciso que ele utilize um repertório que chamamos de legitimado, ou seja, repertórios que tenham amparo nas áreas científicas, culturais, artísticos etc.”, reforça e exemplifica: “para falar sobre o negacionismo, por exemplo, o candidato poderia trazer dados ou exemplos sobre como a população mundial, em especial a brasileira, não se vacinou ou não se cuidou durante a pandemia”.
Mas é preciso ter alguns cuidados para não cair em alguns erros. Para um bom resultado, o candidato deveria, por exemplo, dar uma atenção especial para a palavra “caminhos”, indicada no título do tema proposta. “É esperado, pela banca corretora, que o candidato, de alguma forma, não só aponte os problemas no SUS, mas que, também, evidencie caminhos para fortalecer esse sistema, pois o SUS é solução para a saúde pública no Brasil e não o problema”, alerta Caio.
Fortalecimento do SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988, pela Constituição Federal Brasileira, que determina que é dever do Estado garantir saúde a toda a população brasileira. Monalisa Barros, professora da área de Saúde Coletiva do Departamento de Ciências da Saúde (DCS) da Uesb, explica que o Sistema Único de Saúde é uma das políticas públicas centrais no avanço dos indicadores sociais do país. “Conhecer sobre esse Sistema, aprender as suas formas e estratégias de defesa, é fundamental para o fortalecimento da cidadania e da democracia no Brasil”, defende.
Ela ainda acrescenta: “é preciso avançar ainda muito mais. O SUS é uma das políticas públicas mais bem elaboradas, mas que depende muito da consciência social e de uma luta coletiva para sua real implantação em todas as suas potencialidades”.
Nesse sentido, Agnes Claudine Longuiniere, também professora DCS da Universidade, destaca que “os investimentos financeiros e de ações efetivas que tornem esse sistema de saúde eficiente, eficaz e de qualidade devem ser discutidos não apenas por gestores, mas principalmente pela sociedade civil, que tem espaço garantido por lei nas discussões e decisões sobre o SUS”.
Para discussão do tema, o fortalecimento da cidadania e a contribuição nos indicadores de saúde do país são lembrados por professoras da Uesb.
Agnes lembra ainda o momento crítico da pandemia de Covid-19 e a importância do SUS na realidade brasileira. “Com a pandemia do Covid-19, a importância de um sistema de saúde fortalecido e de qualidade ficou clara. Nesse período, também as suas fragilidades foram expostas: falta de investimento em pontos importantes dessa rede, número insuficiente de leitos hospitalares, desvalorização dos profissionais da saúde e precariedade de vínculos, dentre outros”, cita.
Trazer essa discussão para o Vestibular da Uesb é relevante e necessário para as duas professoras, que atuam na formação de futuros profissionais de Saúde da região. “Ter um tema como esse no Vestibular é de fundamental importância para o envolvimento cidadão na compreensão do seu papel na construção de um país que, efetivamente, atenda às demandas da sua população”, avalia Monalisa. “É grandioso para que possamos refletir todos juntos os caminhos para o fortalecimento e defesa do SUS, que ainda está em construção”, finaliza Agnes.