Como fica a comunicação agora?
Pesquisa
Das reuniões de trabalho à busca pelo entretenimento, o mundo viu sua forma de comunicação sofrer uma mudança significativa nos últimos meses com o isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus. Se já tínhamos acesso a uma série de recursos tecnológicos para realizar conferências virtuais ou, ainda mesmo, um bate-papo em massa em redes sociais, o uso dessas ferramentas alcançou uma audiência nunca vista anteriormente e ganhou o centro das comunicações.
Com a popularidade dos chamados smartphones, o isolamento social fez desse aparelho uma grande ferramenta no processo de comunicação. Segundo uma pesquisa realizada pela Squid, empresa brasileira especializada em marketing de influência, quase 90% das pessoas afirmaram usar mais o celular durante esse período, ultrapassando aparelhos como a TV e o computador. Nesse levantamento, as mídias sociais também se destacam: 90% citam o Instagram como referência nesse universo, enquanto 70% mencionam o YouTube. O mais curioso é que, entre as atividades preferidas nas redes, o que lidera a pesquisa é o acompanhamento das famosas lives (50%).
Além das lives, cresceu o uso da plataforma Zoom e do Google Meet para a realização de encontro/reuniões digitais, segundo Carmen Carvalho. Outros aplicativos que ampliaram suas funções são o Facebook Messenger e o WhatsApp, tornando possível salas de vídeos para que as pessoas possam se encontrar.
Segundo Carmen Carvalho, professora e pesquisadora da área de Comunicação Digital da Uesb, a alta conexão com a tecnologia não é novidade no Brasil. Com o isolamento social, essa realidade foi potencializada, principalmente com as lives. “É um dispositivo de fácil uso. Qualquer um com conhecimentos mínimos do Instagram pode fazer uma live. Um ponto interessante dessas transmissões ao vivo é a informalidade e a proximidade com a audiência, tanto de desconhecidos como também de celebridades, políticos e cientistas”, menciona Carmen.
Para a professora, esse “boom” pode ser explicado como forma da humanidade manter uma necessidade secular: a comunicação entre si. “Já que o ser humano tem, na sua ontologia do ser, a comunicação, acabou potencializando o uso dos dispositivos existentes na internet para dialogar com outras pessoas, realizar encontros sociais ou reuniões, promover atividades culturais e promover o conhecimento. Foi necessário buscar alternativas para continuar atividades antes presenciais”, analisa.
Impulsionando a ciência
Se, de um lado, grandes artistas e marcas passam a utilizar essas plataformas como estratégia de marketing, do outro, essas ferramentas têm impulsionado o caminho para a difusão do conhecimento científico. As lives passaram a ser adotadas também por pesquisadores e estudiosos de diversas instituições de ensino do mundo. Na Uesb, o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGed) saiu na frente e foi um dos primeiros a desenvolver um projeto voltado para as transmissões ao vivo.
Com o distanciamento social, as lives se popularizaram. A ferramenta passou a ser adotada também por pesquisadores e estudiosos de diversas instituições de ensino do mundo.
A ideia surge como uma forma de divulgar as produções acadêmicas do Programa e, sobretudo, trazer discussões que se relacionam com a crise sanitária vivida pelo mundo. O projeto já pautou uma série de questões, como as desigualdades educacionais antes e depois da pandemia, o trabalho do professor nesse período, como ficam as atividades escolares diante desse cenário, entre outras.
Coordenador do projeto, o professor Adenilson Souza Júnior, do Departamento de Ciências Humanas, Educação e Linguagem da Uesb, conta que o retorno tem sido importante, tanto em números como em interação com a audiência do projeto, realizado semanalmente. Para ele, mesmo com a importância dos encontros físicos, o uso dessas ferramentas será um caminho sem volta: “ouso em dizer que até a formatação dos encontros científicos, como cursos, minicursos, congressos, simpósios, etc. irão se modificar após a pandemia, pelo fato dessas tecnologias terem se mostrado altamente eficazes e com possibilidade de atingir um número bem maior de pessoas”.
Buscar informação segura, aprender com especialistas, matar a saudade das pessoas, conversar, consumir produções musicais. Se ainda havia alguma dúvida sobre o espaço que as plataformas digitais ganharia na sociedade mundial, o período de isolamento que o mundo enfrenta apenas acelera essa certeza. O que resta é aprender a utilizá-las da forma mais eficiente para perceber a comunicação digital como uma grande aliada.