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Escolas e universidades vazias revelam novos desafios para Educação


Com a suspensão das aulas presenciais, em tempo de pandemia, como fazer para que escolas e universidades consigam chegar aos estudantes? Esse é um questionamento que vem sendo feito pelos órgãos ligados à área da Educação e, também, pelos profissionais que atuam no setor, desde o Ensino Fundamental até o Superior.

Regime Especial de Atividade Curricular

Os Conselhos Nacional e Estadual de Educação instituíram normativas orientando as instituições de ensino a aplicar as atividades curriculares nos domicílios dos estudantes no período da quarentena, para compensar a ausência das aulas presenciais. Para isso, as resoluções recomendam a inclusão de múltiplas possibilidades de ferramentas de ensino, sejam elas de suporte digital ou não digital.

Manter o processo de ensino e aprendizagem durante o distanciamento social é o grande desafio, pois a experiência escolar é dependente do ambiente pedagógico na/da escola. É o que explica Ester Figueredo, professora da Uesb vinculada ao Departamento de Estudos Linguísticos e Literários e membro do Conselho Estadual de Educação. “A cultura escolar tem seus ritos, ritmos e rotinas que são realizados pelos sujeitos sociais, professor e aluno. No domicílio dos estudantes, não há como realizar esse cenário e não ocorre transposição desses elementos, pois eles são próprios e dependentes do espaço escolar”, esclarece a docente.

Por outro lado, a não realização das atividades pedagógicas, nesse período, pode gerar alguns prejuízos. Entre eles, está o “retrocesso da aprendizagem dos estudantes e, no caso específico para o Ensino Médio e alguns cursos das universidades, sobretudo as licenciaturas, uma evasão absurda”, elenca o professor da Uesb, Roberto Gondim, lotado no Departamento de Saúde 1 e, também, membro do Conselho Estadual de Educação.

Para tentar balancear a equação, educadores vêm buscando meios que possam, minimamente, conservar o vínculo do estudante com a escola e a universidade. Um desses caminhos é a manutenção das atividades pedagógicas remotas mediadas por tecnologia.

Cenário desigual

“Mas é possível garantir o acesso com igualdade de condições a todos os estudantes?”, questiona a professora Ester. Segundo ela, “a Educação como direito é dependente do cumprimento de condições de igualdade e de universalidade”, porém, a situação de emergência no Brasil, causada pela pandemia, não revelou isso. Ao contrário. Para Roberto Gondim, “a pandemia só escancarou e, verdadeiramente, permitiu visualizar o que antes parecia não ser tão nítido: a diferença social abissal que temos em nossas escolas. Vimos com mais nitidez a tamanha desigualdade local/regional/nacional”.

A pandemia, provocada pelo novo coronavírus, escancarou a desigualdade educacional existente no Brasil.

Em abril deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) 2018. O estudo apontou que 46 milhões de brasileiros não têm acesso à internet. Além disso, 42% dos domicílios do país não têm computador.

Segundo o professor Roberto, esses dados colocam em dúvida a aplicação eficiente e inclusiva da Educação a Distância, por exemplo. Na teoria, essa modalidade de ensino prevê um planejamento muito mais estruturado e acessível a todos os estudantes, o que não se aplica nos dias atuais. “Não considerar esse quadro só reforça a lógica de ampliação do poço da desigualdade”, afirma.

O impacto da pandemia para os profissionais da educação

Diante da nova realidade apresentada pela Covid-19, é preciso levar em consideração também as condições dos profissionais da Educação, especialmente, dos professores. Muitos estão tentando se reinventar para conseguir manter as atividades pedagógicas e cumprir, assim, a sua função de ensinar.

“Não fomos formados para alterar tão radicalmente as nossas formas de ensinar e produzir conhecimento escolar”, declara a professora Ester. Mas ela destaca, ainda, o compromisso do corpo docente em tentar “aprender e incorporar novas ferramentas para garantir a própria existência da escola em tempos de pandemia”.

Assim, educadores estão buscando adaptar conteúdos e as dinâmicas de sala para manter o interesse e engajamento dos alunos e garantir a continuidade da aprendizagem. “Estamos vendo docentes tentando se transformar em youtubers”, comenta o professor Roberto. No entanto, ele reforça que o momento é de atenção e cuidado, pois as novas discussões apresentadas sobre o fazer pedagógico ainda são frágeis. “Precisamos demarcar a importância da resistência da educação e apontar para a necessidade de defendê-la com qualidade e equidade”, finaliza.

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