Estímulo à aplicação social de tecnologias desenvolvidas na Uesb
Extensão
Na década de 1930, o matemático inglês Alan Turing chefiou a equipe que criou uma máquina tida como precursora do computador, capaz de decifrar mensagens codificadas usadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse período, talvez Turing não imaginasse que esse feito traçaria as bases para o computador moderno e seus derivados, muito menos a dimensão que tomariam as ramificações dessa invenção quase 90 anos depois.
Uma delas é destaque no campus de Jequié, com o projeto de extensão “Fábrica de Software: Laboratório Experimental de Desenvolvimento de Software com Integração Social”, desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Softwares (CPDS), vinculado ao Departamento de Ciências e Tecnologias (DCT).
“Tecnologia Assistiva”
Nas ações de imersão tecnológica, a equipe da Fábrica proporciona aos participantes um momento de “Tecnologia Assistiva”, possibilitando que deficientes visuais e auditivos joguem vídeo game, guiados pelo som e pela visão. Na foto (acervo), Isaac Barbugian, aluno portador de deficiência auditiva, do quarto ano do CEMSF, e Letícia Silva, discente portadora de deficiência visual, do curso Sistemas de Informação da Uesb, jogando videogame pela primeira vez.
Desde 2017, o projeto atende as comunidades interna e externa à Uesb, a partir de quatro ações macro: formação de pessoas com vistas à atuação no mercado de desenvolvimento de softwares, uso de tecnologias na formação profissional; desenvolvimento de software, a partir de demandas identificadas junto às comunidades interna e externa à Uesb; ações de imersão tecnológica, a partir da promoção de atividades promovidas no CPDS e em escolas públicas de Jequié; difusão de tecnologias com aplicação social.
Entre as contribuições da Fábrica para as demandas internas da Uesb está a criação do software Sistema de Gerenciamento de Extensão (SigExt), vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex), no qual acontece a tramitação das ações extensionistas da Universidade. Fora da Uesb, as novidades também estão ganhando espaço, como o software Request Escola, que está sendo implantado no Centro Estadual de Educação Profissional Régis Pacheco (CEEP), em Jequié, para auxiliar na gestão de uso de equipamentos e espaço físico.
Outro destaque do projeto são as ações itinerantes de imersão tecnológica, como a #AldeiaTEC, que aconteceu em 2018, no Centro Educacional Ministro Simões Filho (CEMSF), em Jequié. A ação ofereceu, para alunos e professores, oficinas de desenho, robótica, jogos inclusivos, entre outras atividades. “Essas ações objetivam dar oportunidade para que as pessoas possam conhecer e experimentar aplicações tecnológicas aplicadas a domínios diversos. Essa é uma ação muito especial, pois levamos a tecnologia para acesso de toda a população”, explica a professora Cláudia Ribeiro, coordenadora do Programa.
A #AldeiaTEC envolveu professores e alunos do Fundamental 1 e 2, possibilitando, entre outras coisas, a descoberta de talentos. “Temos um laboratório que não era usado por falta de manutenção e, com a ação, a utilização do laboratório foi intensificada. Descobrimos também vários talentos, inclusive com a oficina de robótica. Neste ano, aguardamos que a parceria seja fortalecida, já que colhemos bons frutos”, destacou a professora do Centro Educacional Ministro Simões Filho, Marilene Silva.
Expansão de tecnologias
As tecnologias estudadas na Universidade vão além do virtual e vêm tomando forma por meio de outras ações, como as desenvolvidas pelo Programa de Apoio à Caprinovinocultura (Procriar). O Programa existe desde 1997, sendo voltado para produtores de baixa renda e para o estímulo do desenvolvimento de caprinos e ovinos no Sudoeste baiano, com assistência técnica especializada.
As tecnologias estudadas na Uesb vão além do virtual e vêm tomando forma por meio de ações que promovem assistência técnica especializada para pequenos produtores rurais.
Aliando biotecnologia à realidade dos produtores rurais da região, o Programa explora vertentes de melhoramento genético que vão desde a inseminação artificial até a “Transferência de Embriões Caprinos”, projeto piloto que vem se tornando a aposta do Procriar. A ideia é multiplicar o material genético das fêmeas, a fim de melhorar a qualidade dos animais.
Mas como isso acontece? “Pegamos um reprodutor de alta qualidade genética e colocamos em reprodução com as fêmeas do nosso rebanho, e fazemos, por meio do processo de aplicação, especialmente de hormônios, a multiplicação de filhos que teria dentro da barriga dessa fêmea. Ela geraria um ou dois animais. [Com a técnica], ela passa a ter 10, 15 embriões na barriga. Coletamos de volta, em um processo semicirúrgico, selecionamos os embriões viáveis e colocamos dentro da barriga das cabras dos produtores rurais, que chamamos de barrigas de aluguel”, explica o coordenador do Programa, professor Jurandir Cruz.
Das 14 fêmeas que fizeram parte do projeto piloto, sete ficaram prenhas. “Cada uma recebe dois embriões, e o esperado na prática é que a gente tenha uma taxa de, pelo menos, 50% de gestação. Assim, se a fêmea produzir dois embriões, serão, no mínimo, seis cabritos, teoricamente, no mesmo período de gestação, comparado com o procedimento natural”, reforça um dos parceiros do projeto, o professor Bruno Bastos, da Universidade Federal da Bahia (Ufba).