Geração de tecnologias inovadoras é estimulada na UESB
Pesquisa
A universidade tem como uma de suas características ser impulsionadora do desenvolvimento de ciência e tecnologia. Nesse sentindo, a Uesb tem estimulado a produção de pesquisas inovadoras por meio dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT), situados nos três campi.
A Uesb tem estimulado a produção de pesquisas inovadoras por meio dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT).
Para o professor Baraquizio Braga, coordenador do NIT em Jequié, por meio do setor, “os pesquisadores podem proteger suas invenções e promover a transferência de sua tecnologia de forma segura, além de fazer com que suas pesquisas científicas atinjam de maneira direta a comunidade”. Nesse sentido, segundo o professor Luciano Brito Rodrigues, vice-coordenador do NIT em Itapetinga, a ideia do Núcleo é incentivar ideias inovadoras e orientar os pesquisadores no sentido de possibilitar a obtenção da patente e os caminhos para consegui-la. “Dentro da estrutura que a gente tem, o NIT tem a missão de proteger, estimular a cultura de inovação e prestar assessoria aos pesquisadores, no sentido de assistência de esclarecimento e estimulo à cultura da proteção da inovação dentro da Universidade”, ressaltou Rodrigues.
Ainda em conformidade com o professor, é necessária toda uma tramitação para obtenção da concessão da patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “Uma vez que se tenha a ideia, o NIT comunica ao INPI. Então, é produzido um documento de patente, que tem toda uma estrutura de redação formal que deve ser seguido. Uma vez avaliado e concedido, é emitido um documento chamado Carta Patente, que te confere direitos para exploração daquela produção. Então, você tem direitos de exclusividade sobre aquela invenção”, explicou.
Estudo com algaroba recebe primeira Carta Patente na Uesb
Atualmente, a Uesb possui dez depósitos de patentes, sendo que um já possui Carta Patente, concedida ao trabalho desenvolvido pela professora Mara Lucia Albuquerque Pereira, lotada no Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais (Debi), que pesquisa o extrato obtido da vagem da algarobeira. A iniciativa tem por objetivo produzir um aditivo usado em ração para animais ruminantes com a finalidade de reduzir a emissão de gases entéricos de efeito estufa e, ao mesmo tempo, aumentar o desempenho animal, para o ganho de peso ou para a produção de leite.
De acordo com Pereira, a algaroba é uma planta exótica, que foi introduzida no nordeste brasileiro na década de 1940, para fornecer madeira, que seria utilizada para fazer estacas de cercas e queima de lenha. Além disso, a planta era usada como fonte alimentar para animais, uma vez que existe uma aceitabilidade grande, além de ser rica nutricionalmente. Já na estação de seca, que é o período em que a algarobeira produz as vagens, a algaroba poderia ser utilizada como fonte alternativa de alimento.
No entanto, a algarobeira é mal vista, atualmente, tanto pelos produtores rurais como pelos ambientalistas, porque ela está invadindo o bioma caatinga. “Ela é muito invasora, resiste a grandes períodos de estiagem e tem um poder de disseminação muito grande, uma vez que os animais que consomem a vagem integral as disseminam através das fezes”, explica Pereira. Outro problema destacado pela pesquisadora é que essa planta é tóxica se o animal consumir em grande quantidade por um longo tempo. “Ela provoca então uma perda da capacidade de mastigação dos animais, que eles chamam de ‘o mal da cara torta’”, enfatizou a pesquisadora.
Por outro lado, a pesquisadora observou, em estudos in vitro, por meio da extração do alcaloide em laboratório, que esse princípio ativo também tem atividade antimicrobiana, além de alterar os produtos da fermentação animal. “Observamos duas coisas importantes: que ela modificou os produtos de fermentação e reduziu a produção de gases. Com os resultados, ficamos animados para dar continuidade a esses estudos, no sentido de que poderíamos usar esse princípio ativo isolado como aditivo”, explicou.
Ainda de acordo com a pesquisadora, com o aditivo, foi observado que nos ovinos houve um aumento de 10% no ganho de peso comparando com a dieta sem aditivo. Já em caprinos, foi constatado um ganho de peso diário em torno de 20% em relação à dieta controle, sem o uso de aditivo.
Pereira enfatizou que o uso do aditivo, a partir do extrato da agarobeira, além de aumentar a produtividade na pecuária de forma sustentável, pois ele reduz gases etéreos de efeito estufa, também seria uma forma de controle da algarobeira. “É uma forma de evitar também que ela se prolifere no ambiente. Fazendo o uso racional dela, agregando valor ao uso, seria mais uma utilidade que a algaroba poderia ter e de uma forma sustentável para a nossa região do semiárido tanto baiano quanto do Nordeste”, destacou Pereira.