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Qual a cara da Uesb dos 40 anos?

Especial 40 anos

Uesb pensa o futuro a partir da pluralidade de histórias como as de Josafá, Judá, Guadalupe e Daniela

De origem latina, a palavra universidade significa totalidade, comunidade. Um espaço aberto a todos. Essa é uma das características que marcou a construção da Uesb ao longo de seus 40 anos de história, tendo como essência a diversidade de pessoas, origens, ideologias, culturas, crenças e costumes.

Guadalupe Edilma de Macedo, professora do Departamento de Ciências Biológicas no campus de Jequié, é um exemplo disso. Natural do Panamá, ela se mudou para o Brasil em 1988, devido a uma forte crise política vivenciada em seu país, após o governo militar.

“Em junho de 1989, comecei a lecionar na Uesb como professora substituta na área de Botânica. Em 1993, após aprovação em concurso público, fui contratada”, explica. Com domínio da língua portuguesa e amante da cultura brasileira, não foi difícil para Guadalupe se adaptar à profissão no novo país.

Há 30 anos trabalhando na Uesb, ela participou diretamente da construção da história da Universidade e vivenciou diversos momentos importantes, como a conquista da Lei do Magistério Superior em 2002 e a criação do curso de Ciências Biológicas em 1998. “Acompanhei o crescimento do campus de Jequié, participando ativamente para termos uma infraestrutura adequada, como o módulo de laboratórios, a biblioteca, o pavilhão de aulas Manoel Sarmento e o Josélia Navarro e, principalmente, o Herbário do qual sou curadora desde sua criação, há 18 anos” recorda.

Natural do Panamá, Guadalupe leciona na Uesb desde 1989

Assim como Guadalupe, Josafá Santos, coordenador do setor de Informações Funcionais na Assessoria de Gestão de Pessoas da Uesb, também faz parte dessa história de diversidade. Diagnosticado aos seis anos de idade com uma doença chamada Artrite Idiopática Juvenil, Josafá teve suas articulações atrofiadas e desenvolveu uma deficiência física motora.

“O atrofiamento das articulações começou de forma muito rápida e eu cheguei a passar um tempo sem conseguir andar. A convivência com os limites físicos não foi fácil. Minha formação escolar, por exemplo, teve que ser interrompida algumas vezes. Somente a partir do ano de 2002, eu consegui dar continuidade aos estudos”, conta.

A relação de Josafá com a Uesb teve início no ano de 2007, quando ele ingressou no curso de Ciência da Computação. Mais tarde, ele se tornou servidor da Universidade, onde trabalha há nove anos. “Desde que entrei na Uesb, ainda como estudante, presenciei muitos avanços relacionados às políticas de acessibilidade e inclusão, acompanhando o aumento do número de pessoas com deficiências que também chegavam aos cursos. A instalação de elevadores, rampas e pisos táteis, por exemplo, diminuíram as dificuldades”, destaca.

“A Uesb me deu mais que uma oportunidade, eu tive a chance de escrever uma história melhor para mim, para minha família e até para meus futuros filhos.” Daniela Oliveira, moradora do Quilombo de Velame

Sala de aula como espaço de libertação

Daniela Oliveira, estudante do sexto semestre do curso de Administração, no campus de Vitória da Conquista, também reconhece os avanços da Universidade na garantia do direito à inclusão por meio das ações afirmativas. Ex-moradora do Quilombo de Velame, Daniela conta que já passou por muitas dificuldades. “Não de alimento, graças a Deus. O pouco que tínhamos sempre nos sustentou, vivemos por muito tempo da plantação de mandioca, o que gerava comida e trabalho, e até hoje ainda gera. Mas lá no quilombo sempre faltou água, ensino de qualidade e atendimento à saúde”.

Em 2016, após ingressar na Uesb, a história de Daniela tomou um novo rumo. Graças à cota adicional para quilombolas no Vestibular, a estudante pôde ter acesso ao ensino superior e dar início a um sonho: alcançar aquilo que as gerações anteriores de sua família não tiveram a oportunidade.

“A Uesb me ajudou muito no início quando eu não tinha renda, eu usei as impressões, almocei muito no Restaurante Universitário pelos tickets e tive auxílio nas passagens até conseguir um estágio. A Uesb me deu mais que uma oportunidade, eu tive a chance de escrever uma história melhor para mim, para minha família e até para meus futuros filhos”, afirma.

Foi também em 2016 que Judá Nunes, estudante do curso de Teatro no campus de Jequié, ingressou na Uesb. Transgênero não binário*, desde a infância, escutava de sua avó que era “cheio de lambança”, pois gesticulava demais com as mãos, se enfeitava, não se interessava por brincadeiras tidas como masculinas e tentava assumir papéis femininos.

“Mas eu fui uma criança muito desprendida das regras dos adultos e cresci aprendendo a ser rápida para contornar as violências de controle da minha identidade. Hoje, penso na bixa que sempre fui para me tornar uma travesti e esse é um processo repleto de “lambança”: uma manifestação física que gera desordem, confusão, barulho e mudança, que modifica as estruturas do que achamos que conhecemos sobre identidades de gênero”, reflete.

Judá em performance “Código Binário”

Ainda em uma realidade de muita discriminação, Judá destaca a importância da garantia efetiva do acesso à educação a essas pessoas. “É de extrema importância que a universidade forneça aparatos que auxiliem pessoas trans e travestis acessarem com dignidade os espaços formais da educação, desde a alfabetização até o ensino superior. Sobretudo, é relevante que os projetos pedagógicos dos cursos de licenciatura pensem sobre como fazer da sala de aula um espaço de libertação e não de exclusão”, ressalta.

Quatro pessoas, que representam grandes grupos e histórias ligadas por um ponto em comum. Guadalupe, Josafá, Daniela e Judá representam a cara da Uesb dos 40 anos, uma Universidade que, ao longo de sua construção, tem enfrentado os desafios e conquistado avanços importantes para a garantia efetiva do acesso de todos à educação superior. Como destaca a professora Guadalupe: “é de extrema importância termos uma universidade plural de pessoas, ideias, culturas e origens, isso faz da universidade uma “universidade” de fato, atendendo o seu significado etimológico”.

* Não binário se refere às identidades de gênero que não são masculinas ou femininas, ou seja, que estão fora do binário de gênero.

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