Universidades oferecem atendimentos psicológicos em tempo de pandemia
Extensão
Em razão do aumento de pessoas diagnosticadas com a Covid-19, os sistemas e órgãos de saúde têm intensificado a recomendação do isolamento social– principal medida para a dispersão do coronavírus até o momento. Essa nova realidade, agravada pela incerteza sobre o fim da pandemia, vem gerando ansiedade e insegurança em grande parte da população.
Diante disso, os cuidados com a saúde devem ter atenção redobrada. “É normal que todo ser humano apresente alguma tentativa de se autorregular durante um momento de estresse. O que irá beneficiar nosso bem-estar e evitar o adoecimento será a solução encontrada para diminuir a ansiedade e compreender que, neste momento, não temos autonomia sobre a pandemia”, afirma o psicólogo e professor da Uesb, Daniel Drummond.
Em tempo de pandemia, uma das grandes preocupações é a saúde mental. Por isso, instituições de ensino superior, como Uesb e Uneb, estão desenvolvendo projetos que oferecem, gratuitamente, o serviço de escuta e atendimento psicológico.
Partindo do ponto de vista psicológico, o docente alerta: “a forma menos adoecedora de lidar com essa situação é a aceitação, encarar que é uma realidade a existência do vírus e os males que podem causar na humanidade. Entender que, neste momento, não existe uma previsão para retorno das atividades do cotidiano e compreender que é necessário praticar o exercício da organização, tendo em vista que a retomada não vai ocorrer de forma imediata, e sim gradativamente”.
Segundo especialistas, o ideal é que, durante o distanciamento social, as pessoas busquem a realização de atividades que despertem a criatividade, para diminuir o risco de adoecimento mental. Mas, caso isso não seja o suficiente, o indicado é recorrer à ajuda de um profissional qualificado. “Se você está com um nível de sofrimento que é maior do que você pode suportar, procure um profissional, busque ajuda”, reforça Kátia Jane, psicóloga e professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). “Conversar com um profissional é diferente de conversar com um amigo. O profissional vai lhe ajudar a se reposicionar, encontrar o ponto de fragilidade que, muitas vezes, um amigo não vai conseguir”, lembra a professora.
A docente coordena o projeto de acolhimento psicológico da Uneb.“Inicialmente, o atendimento era realizado presencialmente e exclusivamente para o campus 1 da Universidade, em Salvador. Com esse momento de pandemia, pensamos:‘porque não ampliar o serviço para toda a comunidade unebiana?’”, conta. Assim, desde o início da pandemia no Brasil, o serviço passou a ser disponibilizado, por telefone, para discentes, docentes e servidores técnicos de todos os 24 campi da Uneb, espalhados pela Bahia. Para atender a demanda, a equipe conta com a colaboração de 19 profissionais egressos do curso de Psicologia da Instituição e também do Centro Universitário Jorge Amado.
Ações na Uesb
Na Uesb, iniciativas também buscam contribuir para redução dos efeitos do isolamento na saúde mental. Uma delas é o “Psicologia em Link”, que oferece escuta e orientação psicológica gratuitamente. “O projeto foi pensado visando, principalmente, como o distanciamento social afetaria as pessoas psicologicamente”, comenta Edisio Luz, aluno do curso de Psicologia da Universidade e um dos responsáveis pela ação.
“O primeiro público-alvo estava constituído por estudantes da Uesb, mas, percebendo uma grande demanda de toda a comunidade, transformamos o projeto em algo mais amplo”, conta o discente. De acordo com Edisio, em dois meses de atividade, foram feitos cerca de 150 atendimentos individuais de pessoas da Universidade e da comunidade em geral.
Além do “Psicologia em Link”, o Espaço de Partilha e Aprimoramento Humano (Epah) oferece o atendimento virtual de acolhimento psicológico para discentes, docentes e servidores da Uesb que apresentarem desconforto emocional. Os atendimentos acontecem de segunda a quinta-feira, em horário flexível, e são realizados pelo psicólogo da Universidade, Cássio Montalvão.
A equipe do projeto é composta por 11 estudantes supervisionados pela professora e psicóloga da Uesb, Odilza Lines. O grupo se divide em atividades organizacionais como recepção dos usuários pela central do WhatsApp e Instagram, postagem de conteúdos digitais e realização do atendimento.
Para Edisio, com feedbacks positivos do serviço que vem sendo prestado, a atuação do projeto ressalta a importância da contribuição da universidade em momentos críticos como o que está sendo vivenciado neste momento. “Nos últimos tempos, estamos tendo de lidar com dinâmicas que não nos eram cobradas. O distanciamento social altera rotinas de convívio geral, de estudos e outras atividades. É por esse motivo que ressaltamos a importância da universidade estar atenta às novas demandas que são impostas a toda sociedade”, completa o estudante.